Uma série de ataques contra peregrinos xiitas nos últimos três dias matou 70 pessoas em Bagdá, informaram hoje fontes do setor de segurança. O número de mortos foi mais um revés para os líderes de um país que permanece marcado pela divisão sectária e tem um governo provisório, mais de quatro meses após uma eleição geral terminar sem um vencedor claro.

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Quase a metade das vítimas, 28, morreram na noite de ontem, quando um suicida atingiu peregrinos em Adhamiyah, distrito sunita próximo do rio Tigre e do distrito de Kadhimiyah, ao norte da capital. Kadhimiyah homenageia Musa Kadhim, o sétimo dos 12 reverenciados imãs do islamismo xiita. Ele foi envenenado em 799 d.C. e sua morte foi lembrada por milhares de fiéis nos últimos dias.

Muitos fiéis cruzaram a ponte entre os dois distritos vizinhos para chegar a uma mesquita. O suicida feriu 136 pessoas, enquanto 11 morreram na ontem em outros ataques com bombas em Bagdá. O novo número de mortos divulgado hoje vem a público no momento em que os fiéis xiitas começam a se dispersar da mesquita e seguem para casa, em meio a cenas caóticas de muitos deles tentando parar o trânsito para caminhar.

Cinco atentados na capital mataram 11 pessoas e levaram o número de feridos para acima de 400 desde a terça-feira, segundo funcionários. Uma bomba instalada à beira da estrada no bairro de Bab al-Muazam, no centro da capital, matou quatro pessoas e feriu 46. Uma segunda bomba, no distrito de Mashtal, no sudeste da capital, matou três pessoas e feriu 31. Os xiitas, maioria no Iraque, são alvos de grupos armados sunitas desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, derrubar o ditador sunita Saddam Hussein do poder.

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Alvos

Peregrinações a lugares sagrados xiitas têm sido alvos constantes, mesmo com a segurança reforçada. O tráfego foi interrompido na terça-feira em várias pontes que cruzam o rio Tigre, aumentando os problemas na já congestionada capital. O tráfego de veículos já é complicado em Bagdá pelas centenas de postos de segurança. As motocicletas e os karts foram impedidos de circular, mas as medidas extras não conseguiram proteger todos os fiéis.

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Em abril de 2009, duas suicidas mataram 65 pessoas perto de uma mesquita, incluindo 20 fiéis iranianos, e feriram 120. A ameaça da violência, porém, não reduz o entusiasmo dos fiéis, alguns dos quais rezam pelo fim do impasse político no país, após as eleições parlamentares de 7 de março.

Iyad Allawi, um ex-premiê xiita, insiste que a vitória do grupo dele na eleição significa que ele deve ser o primeiro-ministro. Allawi mantém uma aliança com a coalizão secular Iraqiya, com forte apoio em províncias dominadas por sunitas. A aliança do atual primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, ficou em segundo lugar na disputa eleitoral. Maliki, porém, também tenta formar uma coalizão para continuar no poder.

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, visitou Bagdá no fim de semana e pediu o fim do impasse político. Há atualmente 77.500 soldados norte-americanos no Iraque, mas esse número deve cair para 50 mil em 31 de agosto, quando as tropas começam a se retirar. Até dezembro de 2011, devem restar 50 mil soldados dos EUA no país, executando funções de treinamento e assessoria. As informações são da Dow Jones.