Mais de 100 mil pessoas ocuparam ontem a Praça Tahrir, no centro do Cairo, na maior manifestação desde o início da última onda de protestos, há uma semana. Foi mais uma eloquente rejeição às medidas tomadas pela junta militar – a última delas a nomeação de um novo premiê, Kamal Ganzouri, de 78 anos, que já ocupou o cargo entre 1996 e 1999, durante o governo de Hosni Mubarak, deposto em fevereiro por protestos semelhantes.

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Num forte contraste, uma manifestação de apoio aos militares reuniu apenas 4 mil pessoas. Os manifestantes voltaram exigir a renúncia do comandante do Conselho Supremo das Forças Armadas, marechal Mohamed Hussein Tantawi, e a transferência de todos os poderes para um gabinete civil, formado por dirigentes de todas as tendências políticas.

O gabinete civil anterior renunciou na segunda-feira, em protesto contra a repressão às manifestações, que deixou ao menos 41 mortos. Na segunda-feira, os egípcios vão às urnas para começar a eleger um novo Parlamento, mas exigem que a transição prossiga sem a tutela dos militares, que prometeram eleição presidencial para até o fim de junho.

Em um pronunciamento pela TV, Ganzouri disse que recebeu “mais poderes” do que o chefe do gabinete anterior, Essam Sharaf, e não teria aceitado se acreditasse que o marechal Tantawi pretende continuar no poder. “Os poderes que me foram dados excedem todos os mandatos semelhantes”, afirmou Ganzouri, titubeante e visivelmente desconfortável. “Assumirei autoridade plena e, portanto, sou capaz de servir meu país.”

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Na Praça Tahrir, a nomeação de Ganzouri, assim como as outras medidas da cúpula militar – o pedido de perdão pelas mortes de manifestantes e as reiteradas promessas de conduzir o país à democracia -, soou como uma repetição do roteiro seguido por Mubarak, que relutou durante três semanas até finalmente renunciar. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.