Por 115 votos a favor, 91 contra e nove abstenções, o Parlamento português aprovou uma lei autorizando a realização de touradas ao estilo espanhol, nas quais o animal é sacrificado. A legislação em vigor até agora proibia a morte do touro ao final do espetáculo: ele era dominado pelos “forcados”, homens que enfrentam o animal até derrubá-lo por terra.
A nova lei determina porém que as touradas ao estilo espanhol só podem ser realizadas em locais onde essa tradição tenha mais de 50 anos, um critério feito sob medida para a aldeia de Barrancos, na fronteira com a Espanha.
O povoado é conhecido por ter assimilado mais os costumes do vizinho ibérico que os dos portugueses, e a lei se destinaria a resolver um problema que se repete nos meses de agosto, quando uma tradicional festa de Barrancos é encerrada com uma tourada na qual os touros são mortos. Os toureiros, em geral espanhóis, escapam da polícia atravessando a fronteira, a apenas três quilômetros.
A iniciativa resultou da fusão de dois projetos, numa inusitada aliança parlamentar entre o Centro Democrático Social/Partido Popular (CDS/PP) e a bancada comunista. O acordo foi possível graças ao apego às tradições do bloco da direita nacionalista e os interesses eleitorais dos comunistas, que governam Barrancos há 27 anos, desde a Revolução dos Cravos.
O Partido Social-Democrata, que forma a coalizão situacionista de centro-direita com o CDS/PP e o Partido Socialista, foi forçado a liberar o voto, devido à divisão de seus parlamentares sobre o assunto. (ANSA).