Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy, não conseguiram esconder ontem, em Paris, suas posições antagônicas diante da crise política no Irã. Lula reiterou que não há prova de manipulação na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Bem mais crítico, o francês lembrou que multidões foram às ruas em protesto contra as irregularidades no pleito.
As divergências no tema são evidentes desde o início da crise iraniana, em junho. A União Europeia subiu o tom com Teerã após as suspeitas de manipulação da votação e a prisão de funcionários britânicos. O Brasil aceitou o resultado. Há três semanas, Lula chegou a classificar os confrontos de “choro de perdedor”, comparando a disputa, que já deixou 20 mortos, a um jogo de futebol entre Flamengo e Vasco.
Lula minimizou as diferenças. “Não acredito que haja discordância entre o pensamento soberano do Brasil e o pensamento soberano da França”, disse. Sarkozy afirmou: “Os primeiros a contestarem o resultado são os próprios iranianos. Não é uma intervenção da França ou do Brasil.” “Se Ahmadinejad está tranquilo, nos perguntamos por que faz tanta pressão sobre os manifestantes.”