Equipes de resgate no norte da Tailândia retiraram neste domingo 4 dos 12 meninos de um grupo de futebol e seu treinador presos em uma caverna onde estavam por mais de duas semanas. A operação fez uma pausa e pode ser retomada ainda neste domingo, 8.

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O chefe da operação disse que a ação de resgate está indo “melhor do que o esperado”. Nessa complicada e perigosa missão, os quatro meninos tiveram de mergulhar na caverna alagada, acompanhados por especialistas em mergulho.

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Pouco antes das 20h (horário local) o SEAL da Marinha tailandesa, que participa da operação, informou em sua página oficial no Facebook que os quatro haviam sido resgatados. Pouco depois das 21h, o SEAL da Marinha postou no Facebook novamente, dizendo: “Bons sonhos a todos. Boa noite.”

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O governador da Província de Chiang Rai, Narongsak Osatanakorn, que está chefiando a operação, disse que os quatro garotos foram levados para um hospital.

“A operação foi muito melhor do que o esperado”, disse Narongsak, em uma entrevista coletiva, acrescentado que os mais saudáveis foram os primeiros a serem retirados. Ele explicou que a próxima fase da operação recomeçaria entre 10 ou 20 horas depois.

Toda a operação de resgate dos 12 meninos e o treinador pode demorar de dois a quatro dias, dependendo das condições do clima e do nível da água na caverna, disse o major-general Chalongchai Chaiyakam.

Narongsak disse mais cedo que os mergulhadores – 13 estrangeiros e 5 tailandeses – participavam do resgate com cada criança sendo acompanhada por dois deles que gradualmente os retiravam do complexo de cavernas.

A única maneira de tirar os meninos e seus treinadores é mergulhando por passagens escuras e apertadas, cheias de água barrenta e correntes fortes, com pouco ar oxigênio. Um ex-SEAL da marinha tailandesa desmaiou e morreu fazendo o mergulho na sexta-feira.

Experientes especialistas em resgate em cavernas consideram a saída subaquática o último recurso, especialmente em se tratando de pessoas não treinadas em mergulho, como os garotos. O caminho é considerado especialmente complicado em razão das voltas e reviravoltas em passagens estreitas e inundadas do complexo.

O governador havia dito anteriormente que o clima ameno e a queda nos níveis de água nos últimos dias criaram boas condições para uma retirada submarina que não seria possível se começasse a chover novamente.

Antes de anunciar que o resgate estava em andamento, as autoridades ordenaram à multidão de jornalistas do mundo todo reunida na entrada da caverna para sair do local.

Os meninos e seu treinador ficaram presos quando foram explorar a caverna depois de um treino em 23 de junho. As inundações da monção interromperam a saída e impediu que os socorristas os encontrassem por quase 10 dias.

O drama arrebatou a Tailândia e foi manchete em todo o mundo. A operação de busca e resgate envolveu especialistas e equipes de resgate internacionais.

O presidente Donald Trump disse em um tuíte no domingo: “Os EUA estão trabalhando em estreita colaboração com o governo da Tailândia para ajudar a tirar todas as crianças da caverna em segurança. Pessoas muito corajosas e talentosas!”

As autoridades haviam dito que as chuvas de monção que poderiam elevar os níveis de água na caverna, juntamente com a redução dos níveis de oxigênio no espaço fechado, aumentavam a urgência de se retirar o grupo de lá. Esforços anteriores para bombear a água da caverna foram recuados toda vez que caia uma chuva forte.

Narongsak disse no sábado que especialistas lhe informaram que a água da chuva nova poderia reduzir o espaço não inundado onde os meninos estão abrigados para apenas 10 metros quadrados.

“Estamos em guerra com a água e o tempo desde o primeiro dia até hoje”, disse ele no sábado. “Encontrar os meninos não significa que terminamos nosso missão. É apenas uma pequena batalha que vencemos, mas a guerra não terminou. A guerra termina quando vencemos as três batalhas – as batalhas para buscá-los, resgatá-los e mandá-los para casa.”

Os meninos pareciam calmos e reconfortantes em anotações manuscritas enviadas para suas famílias que foram divulgadas no sábado. As anotações foram enviadas por mergulhadores que fizeram uma jornada de 11 horas para agir como carteiros.

Um dos meninos, identificado como Tun, escreveu: “Mamãe e papai, por favor, não se preocupem, estou bem. Eu disse a Yod para se preparar para me levar para comer frango frito. Com amor.”

“Não se preocupem, sinto falta de todos. Vovô, tio, mãe, pai e irmãos, eu amo todos vocês. Estou feliz por estar aqui dentro, os Navy SEALS cuidaram da gente. Amo todos vocês”, escreveu Mick.

“Night ama papai e mamãe e irmão, não se preocupem comigo. Night ama todos vocês”, escreveu Night, na maneira tailandesa de se referir a si mesmo na terceiro pessoa.

A nota mais comovente veio de alguém cujo nome não estava claro: “Eu estou bem, mas o ar está um pouco frio, mas não se preocupem. Não se esqueçam de arrumar minha festa de aniversário.”

Outro, de origem indistinta, pediu a seu professor que não lhe dê muito trabalho de casa.

Na sua carta, o treinador, Ekapol Hanthawong, pediu desculpas aos pais dos meninos pela decisão de levá-los para a aventura que os deixou presos na caverna.

“Para os pais de todas as crianças, agora elas estão bem, a equipe está cuidando bem delas. Eu prometo que vou cuidar das crianças da melhor forma possível. Quero agradecer por todo o apoio e quero pedir desculpas aos pais”, escreveu ele.

Uma atualização de sábado da Marinha tailandesa disse que três Navy SEALs, um deles médico, estavam com os meninos e seu treinador. Os 13 estavam tendo avaliações de saúde e reabilitação, e estavam sendo ensinadas habilidades de mergulho. Alimentos, bebidas energéticas, água potável, medicamentos e vasilhas de oxigênio foram entregues a eles.

A maior preocupação dos socorristas era com os níveis de oxigênio em seu espaço seguro que poderiam cair para níveis perigosamente baixos. Os socorristas não conseguiram estender uma mangueira de bombeamento de oxigênio até onde os meninos estão, mas levaram a eles alguns cilindros.