O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou nesta tarde para o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, para desejar-lhe “sorte” na tentativa de retornar ao seu país e ao poder. Lula, porém, alertou Zelaya para a necessidade de evitar “derramamento de sangue”. No momento do telefonema, Zelaya já estava na fronteira entre Nicarágua e Honduras, tentando convencer militares hondurenhos a lhe permitirem cruzar a divisa e se reunir à sua família, que o espera do outro lado.
A conversa de Lula com o presidente deposto foi de apenas 10 minutos e se deu depois de declarações de forte respaldo à recondução de Zelaya ao poder por parte do Mercosul, como instituição, e dos líderes de seus países sócios. Segundo o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, Lula se disse solidário com a causa de Zelaya, mas esquivou-se de fazer qualquer avaliação sobre a intenção dele de retornar, por terra, a seu país e exigir que lhe devolvam o cargo.
Zelaya foi expulso de Honduras por militares, em um golpe de Estado no último dia 28 de junho. Sem avanços nas negociações conduzidas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Árias, e sem respostas favoráveis do governo de facto de Honduras às duas resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA), Zelaya decidiu encabeçar a marcha de de hoje a partir da fronteira da Nicarágua com Honduras. Embora Zelaya tenha antecipado que quer viajar “com prudência e sem armas”, como “homem pacífico”, Lula o advertiu para a necessidade de “evitar derramamentos de sangue”, segundo Marco Aurélio.
Em uma declaração sobre a situação de Honduras, os países do Mercosul mais Chile, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela reafirmaram não reconhecer “nenhum governo que surja desta ruptura institucional”, em referência à administração de facto de Roberto Micheletti e do sucessor que ele diz que pretende eleger ainda neste ano. “O governo constitucional e legítimo do Estado de Honduras é o encabeçado pelo presidente José Manuel Zelaya Rosales, cuja integridade física e a de todos os membros de seu governo devem ser fundamentalmente preservadas”, informou o texto.
