A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, aproveitou um discurso durante solenidade, na noite desta segunda-feira, para informar sobre o bom estado do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, submetido a uma cirurgia de emergência, ontem, para desobstruir uma artéria. “Cinco minutos antes de sair, me ligou no celular e me disse que está bem”, disse Cristina, agradecendo a “preocupação e o carinho”, demonstrados pela população.
Depois de passar a noite no hospital com o marido, a presidente retomou a agenda à tarde, para inaugurar um hipermercado na periferia de Buenos Aires. O ex-presidente e atual deputado começou a passar mal no domingo à noite, e sua internação, seguida pela cirurgia não programada, deixaram o mundo político e a opinião pública surpresos. Considerado o real poder no governo da mulher, Néstor Kirchner não havia demonstrado antecedentes de patologias coronárias. A obstrução da carótida está sendo chamada de “mal dos presidentes”, já que os ex-presidentes Carlos Menem e Fernando De la Rúa também sofreram com o problema e tiveram de ser operados.
O único problema de saúde do ex-presidente que se tornou público foi uma gastroduodenite erosiva aguda com hemorragia, em 2004, que o obrigou a ficar internado durante seis dias em Río Gallegos. Naquela ocasião, o assunto foi tratado com mistério e o governo não divulgou informações precisas sobre a situação do então presidente. Houve boatos de que o problema seria muito mais grave. Kirchner sofreu duas recaídas: em 2005 e 2006. Mas nada foi confirmado oficialmente. Pelo contrário, naquela ocasião, Kirchner disse: “Querem me matar; querem me adoecer, mas graças a Deus, gozo de muito boa saúde”.
Kirchner assumiu em dezembro como deputado e aspira retomar a presidência do Partido Justicialista, em março próximo. Nenhum líder justicialista assumiu as rédeas do partido peronista desde que Kirchner renunciou a sua presidência, em junho último, após a derrota eleitoral parlamentar. Kirchner está conduzindo as negociações com os governadores para aprovar o uso das reservas do Banco Central por parte do Executivo. O governo quer financiar o gasto com as reservas excedentes e Kirchner é o articulador do processo.
Embora não seja o presidente de direito, o fato é que a doença de Kirchner está sendo acompanhada como se ele fosse o chefe de Estado da Argentina. O médico do ex-presidente, Luis Buonomo, informou que ele poderia receber alta dentro de 72 horas. Por enquanto, ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva.