Líderes da coalizão que governa o Paquistão se reuniram nesta terça-feira (19) para discutir quem seria o sucessor de Pervez Musharraf na presidência, um dia após o anúncio de sua renúncia, em um dia marcado pela violência no país. Um atentado nas proximidades de um hospital matou pelo menos 27 pessoas, incluindo dois policiais, e ilustrou as dificuldades que o país terá pela frente. Outras 34 pessoas morreram em confrontos na região tribal de Bajur.
O ataque suicida ocorreu em Dera Ismail Khan, no volátil noroeste paquistanês. Além dos 27 mortos, outras 35 pessoas ficaram feridas. Um alto policial da região, Mohsin Shah, afirmou que o motivo foi aparentemente sectário, sendo os xiitas os prováveis alvos. O Taleban reivindicou a responsabilidade pelo atentado.
Também hoje, forças de segurança mataram durante um confronto 11 supostos militantes e cinco civis em Bajur. Em outro confronto na mesma área, 13 militantes e cinco paramilitares morreram, segundo um funcionário do governo.
Com a renúncia de Musharraf para escapar de um possível processo de impeachment, há um momento de incerteza no país sobre qual será a abordagem do governo para lidar com a violência extremista. Acredita-se que o agora ex-líder Musharraf está em uma residência superprotegida, nas proximidades da capital, Islamabad. O futuro do aliado dos Estados Unidos, havia nove anos no poder, também estava sob discussão no encontro.
O ministro da Justiça, Farooq Naek, garantiu que o governo não havia feito um acordo de imunidade com o ex-presidente. Apesar disso, aliados e rivais de Musharraf disseram que ele havia conseguido garantias de que não seria processado nem forçado a se exilar.
Musharraf não disse qual seriam seus planos durante o emocionado discurso de renúncia, dizendo apenas que seu futuro estava nas mãos das pessoas. Mas relatos da mídia local sugerem que ele pode deixar o país – Musharraf é odiado por militantes islamitas e bastante impopular entre os paquistaneses comuns.
“Não deve ser permitido que ele deixe o país”, afirmou Sadiqul Farooq, porta-voz do segundo maior partido da coalizão, que já acusou o ex-presidente de traição. “Ele deveria ser julgado por seus crimes.” O próximo presidente será eleito pelos parlamentares, em um processo que deve terminar em até 30 dias.
