Em casos de vida ou morte, lá estão eles

Alguns cães são capazes de realizar verdadeiros atos de heroísmo. Eles não medem esforços para defender seus donos ou realizar serviços para os quais são designados, muitas vezes arriscando a própria vida para salvar a dos seres humanos.

No canil da Polícia Militar do Paraná existem grandes exemplos de cães considerados heróis. Em Curitiba, a corporação mantém quarenta animais, entre pastores alemães, rotwaillers, labradores e um beagle. Desde pequenos, eles são treinados para trabalhar no combate ao crime e em defesa da vida humana.

Os animais são adestrados para achar drogas, localizar armas, explosivos, cadáveres e pessoas perdidas, atuar em rebeliões, manifestações e fazer guarda em presídios. Recebem noções de obediência, faro e proteção, sendo considerados braços direito, dos policiais que os acompanham.

Entre os diversos animais que vivem no canil central, alguns se destacam pela eficiência, coragem e extrema fidelidade a seus adestradores, tornando-se temidos pelos bandidos, famosos e respeitados por toda a corporação.

Django

O faro aguçado fez de Django, um pastor alemão preto de três anos e meio de idade, um dos animais mais admirados. Há um ano e meio, ele encontrou três crianças – que na época tinham 3, 4 e 6 anos de idade – que se perderam em um matagal no Jardim Santa Rosa, localizado no município de Colombo, na Região Metropolitana da capital.

?Demos uma roupa de uma das crianças para o Django cheirar e, dessa forma, ele as encontrou. Ele é um cachorro que morde quando é preciso, mas que também é bastante dócil e amigo. Exemplo disso é que, quando ele achou as crianças, ficou tão feliz que queria brincar com elas?, conta o adestrador e cabo da PM, Ênio Pereira da Silva. ?Muitas vezes os cães são essenciais no trabalho desenvolvido pela polícia. Além disso, um policial acompanhado de seu cão impõe muito mais respeito.?

Ísis

Existem também as heroínas, como a cadela Ísis, um pastor alemão capa preta de apenas onze meses de idade. No último mês de maio, ela encontrou quarenta quilos de maconha que estavam escondidos dentro de um armário localizado na rodoferroviária de Curitiba. ?Recebemos uma denúncia anônima e fomos até a rodoferroviária averiguar. Entre uma série de armários, Ísis vistoriou a área e em pouco tempo indicou o local em que estavam as drogas. Ela tinha tanta certeza do lugar que chegou a entrar em um armário vazio localizado ao lado?, conta o soldado Marcos César de Sousa, que é o adestrador da cadela.

Considerada ativa e ao mesmo tempo submissa, Ísis é um animal bastante manso. Treinada através de brincadeiras, ela muitas vezes considera o serviço uma diversão e se mostra dócil mesmo na presença de pessoas estranhas. ?Ela é uma verdadeira criança. Foi treinada para faro e obediência, mas logo começará a ser adestrada também para proteção.?

Faruque e Willie

Os animais utilizados pela PM geralmente se aposentam aos oito anos de idade, sendo normalmente levados para chácaras ou outros lugares em que possam viver em paz. Porém, alguns deixam seus descendentes na corporação. É o caso de Faruque, um pastor alemão capa preta que se aposentou recentemente e que ficou famoso por encontrar drogas escondidas dentro de um sofá presente em uma residência no Bairro Alto, na capital, há cerca de um ano. Hoje, Faruque vive em uma chácara, mas seu filhote, Willie, de um ano e seis meses, é a mais nova aposta do canil.

?Faruque era um cachorro bastante versátil, atento e empregável em diversas situações. Ele atuou inúmeras vezes em rebeliões e voou em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para realizar transporte de presos a Foz do Iguaçu. É um cão que deixou saudades, mas Willie vem mostrando o mesmo desempenho e aptidão ao trabalho. Apesar de bastante jovem, já demonstra ser tão talentoso quanto o pai?, conta o cabo José Carlos Rodrigues Bueno, responsável pelo adestramento dos dois.

Faz parte da natureza deles

Muitos dos atos heróicos realizados pelos cães podem parecer inexplicáveis. Porém o médico veterinário da Polícia Militar do Paraná, Paulo Eduardo Caron, afirma que é da natureza dos animais se dedicarem totalmente a seus proprietários, sendo capazes de se desprender da própria vida para defendê-los. ?Os cães são o retrato de seus donos. Se eles recebem amor e carinho, vão retribuir da mesma forma. Serão fiéis tanto aos donos quanto a outras pessoas da família e mesmo a desconhecidos. Em um momento de dificuldade, não irão titubear em defendê-los?, afirma.

Segundo Caron, os cães não entendem o que é egoísmo. Quando são adestrados com carinho, tentam desenvolver suas funções com eficácia cada vez maior justamente para receberem maiores atenções. Geralmente os cães são extremamente submissos e amorosos a quem os trata bem. Por outro lado, é difícil adestrar com eficiência um animal utilizando a violência.

?É o caso dos cães da Polícia Militar. Eles são trabalhados desde filhotes, sempre com muita paciência e atenção. Quando eles acertam alguma coisa, seus adestradores os recompensam com carinhos e agrados. Desta forma, eles se empenham cada vem mais em acertar e satisfazer seus donos. Só se consegue tirar todo potencial de um cachorro com carinho, nunca com agressões.? (CV)

Concurso seleciona cães que ajudam a sociedade

Um concurso pretende selecionar cachorros brasileiros que realizaram ações em benefício da sociedade. Promovido em parceria entre a rede Wal Mart de supermercados e a marca Pedigree, o concurso Cão Herói está em sua terceira edição e é inspirado na campanha Paws to Recognize, realizada todos os anos nos Estados Unidos.

Entre os dias 15 de julho e 14 de agosto, pessoas de todas as idades e de diversas regiões do País poderão votar em candidatos pré-selecionados através de urnas colocadas nas lojas do Wal Mart. Serão escolhidos três candidatos, que terão seu perfil e feitos divulgados em materiais impressos.

A apuração dos votos será realizada em seção aberta ao público e na presença dos proprietários dos candidatos. O grande vencedor irá receber uma medalha e terá suas patas e seu nome impressos em uma espécie de calçada da fama mantida em Washington, nos Estados Unidos.

Eleitos

Em 2003, o vencedor do Cão Herói foi um labrador chamado Gem, que atuava como cão-guia de cegos. Ele ganhou o prêmio pela disciplina e eficiência em guiar sua dona, uma mulher que perdeu a visão aos 13 anos de idade. O animal serviu de inspiração à autora Glória Perez, que incluiu personagens com deficiência visual na novela global América. Um Bernese Mountain Dog, conhecido como Choop, ficou com o título de Cão Herói 2004. Com um ano e meio de idade, em janeiro de 2004, o cachorro começou a participar do Projeto Cão do Idoso, realizado pelo Lar de Idosos Vivência Feliz, em São Paulo. Choop demonstrou grande habilidade e conquistou a admiração de todos ao ser utilizado em sessões de fisioterapia assistida por cães. (CV)

Latido ajudou a salvar senhora que caiu tonta

Em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, os latidos de Oliver, um labrador de cor preta, salvaram a vida de uma senhora de 88 anos de idade. Há um ano, a dona de casa Aladia Berezowski Zilli recebeu o animal, pertencente à família do marido de sua neta, em casa.

Oliver havia sido trazido do estado de São Paulo e, sem ter onde ficar, foi deixado provisoriamente na casa de Aladia, que vive na companhia de um dos filhos. Como acontece toda manhã, o filho da dona de casa saiu para trabalhar, deixando-a sozinha. Aladia saiu de dentro de casa em direção ao quintal. Vítima de diversos problemas de saúde, ela sentiu uma forte tontura e caiu deitada no chão, não conseguindo se levantar. Ao se deparar com a senhora caída, o cão, normalmente bastante silencioso, começou a latir desesperadamente, chamando a atenção de uma vizinha.

?O Oliver começou a latir bastante alto. Minha vizinha estranhou e saiu de casa para ver o que estava acontecendo. Graças aos latidos, ela viu que eu tinha caído e me ajudou a levantar, levando-me novamente para dentro de casa. Graças a Deus não tive nada grave, mas se não fosse o cão talvez eu tivesse ficado caída durante todo o dia, até que meu filho voltasse do trabalho e me encontrasse?, conta.

Atualmente, Oliver vive com a família do marido da neta de Aladia, mas ainda desperta muito carinho na dona de casa. ?Sou uma pessoa de idade e não tenho condições de cuidar de um cão grande como o Oliver, mas mesmo assim sinto saudades dele em minha casa. Me afeiçoei muito a ele e ele a mim. É um animal muito dócil, brincalhão e companheiro.? O labrador está com seis anos de idade. (CV)

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