Uma carta da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, aos ministros de finanças da zona do euro mostra o quão distante estão Grécia e seus credores internacionais de um fim para o impasse que os une.
A carta, divulgada em primeira mão por Peter Spiegel, do Financial Times, defende conversas simultâneas sobre o peso da dívida da Grécia e suas medidas fiscais de contenção. O FMI está claramente incomodado com o longo adiamento da Europa das discussões sérias sobre a reestruturação dos empréstimos de resgate da Grécia.
Na verdade, a Europa já cedeu neste ponto pela realização de uma reunião especial do Eurogrupo, o comitê de ministros de Finanças da zona do euro, na segunda-feira. A agenda da reunião inclui um debate sobre a dívida grega. Alemanha e outros países insistem que a Grécia não precisa de alívio de dívida porque ela é sustentável se forem cumpridas as metas fiscais.
A carta de Lagarde, também vista pelo Wall Street Journal, é um ataque sustentado à ideia de que a Grécia pode alcançar e manter um superávit primário, que exclui pagamentos de juros, de 3,5% do produto interno bruto. Essa meta exige um grau de austeridade extra na Grécia que não é desejável nem realista a partir do ponto de vista econômico, social ou político, argumenta Lagarde.
Ao mesmo tempo, ela salienta que, se a Europa insiste na meta de 3,5%, então as propostas da Grécia para a reunião não são boas o suficiente. O FMI está mantendo uma linha dura tanto com Berlim quanto com Atenas.
A combinação de medidas fiscais gregas e alívio da dívida europeia tem de somar, o FMI gosta de dizer. E se isso não acontecer, então o fundo não vai concordar em emprestar mais dinheiro à Grécia. Isso colocaria a chanceler alemã, Angela Merkel, que tem insistido há muito tempo que o FMI é vital para a credibilidade do resgate da Grécia, em uma posição desconfortável. Fonte: Dow Jones Newswires.