Após dias de uma ofensiva cujo objetivo é retirá-lo de sua mansão presidencial, o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, se recusa a sair do bunker localizado sob a casa, afirmando que nunca vai se render, apesar da pressão internacional. Gbagbo é protegido por cerca de 200 homens.
Um conselheiro do presidente democraticamente eleito do país, Alassane Ouattara, disse que seu combatentes cercaram a propriedade e planejam esperar. Um grupo armado que apoia Ouattara chegou aos portões da casa de Gbagbo ontem, mas teve de recuar.
O conselheiro de Gbagbo na Europa, Toussaint Alain, disse por telefone que havia conversado com ele e sua mulher, Simone, e que sua posição não havia mudado. “Eu falei com o chefe de Estado e sua mulher menos de uma hora atrás e, não, ele não vai se render. O presidente Gbagbo não vai ceder”, disse Alain. “É uma questão de princípio. O presidente Gbagbo não é um monarca. Ele não é um rei. Ele não é um imperador. Ele é um presidente eleito por seu povo”.
Mais disparos foram ouvidos hoje no país. Corpos são vistos nas ruas da capital comercial, Abidjã, e os estoques de comida e água estão acabando. O fornecimento de energia está irregular e a segurança está diminuindo.
Moradores se esconderam em suas casas no subúrbio de Cocody, onde está localizada a residência de Gbagbo. “Nesta manhã, ouvimos fortes explosões e disparos”, disse um morador à agência France Presse, enquanto veículos blindados com soldados franceses e da Organização das Nações Unidas (ONU) patrulhavam as ruas.
Cerca de 1.100 estrangeiros foram retirados de Abidjã desde domingo, enquanto 1.548 estão abrigados numa base militar, disse um porta-voz francês. O ministro de Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse que a saída de Gbagbo é inevitável, embora afirme que não pode dizer se será uma questão de horas ou dias.
Gbagbo foi eleito em 2000 e adiou várias vezes as eleições, que deveriam ter sido realizadas em 2005, antes de permitir o pleito no ano passado. Mas ele rejeitou o resultado apresentado pela autoridade eleitoral e apoiado pela ONU. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.