Os turcos cipriotas da República Turca do Norte do Chipre (TRNC, na sigla em inglês) irão às urnas no domingo para escolher um novo governante para a região norte da dividida ilha do Chipre. A eleição é vista como uma escolha pela reunificação ou pela manutenção da independência. Eles escolherão ou o candidato favorável à reunificação, o atual presidente Mehmet Ali Talat, que busca mais um mandato de cinco anos, ou o candidato contrário à reunificação, o primeiro-ministro Dervis Eroglu, de direita. A TRNC é um país reconhecido apenas pela Turquia.
As pesquisas de opinião indicam que a maioria dos 164 mil eleitores do norte do Chipre deverão votar em Eroglu (contrário à reunificação). Se as projeções se confirmarem, será uma mudança surpreendente em comparação às eleições de 2005, quando os turcos cipriotas elegeram Talat presidente com mais de 50% dos votos. Talat, de esquerda, é amigo do presidente grego do Chipre, Dimitris Christofias, e ambos iniciaram as conversações para a reunificação da ilha em 2005.
Um fracasso nas negociações poderá interromper o processo de negociação da Turquia para aderir à União Europeia. A parte grega do Chipre aderiu à UE em 2004. Além disso, se o processo fracassar, as relações entra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Turquia é membro, poderão ser prejudicadas com a União Europeia.
A ilha do Chipre foi dividida em 1974 entre um sul grego, com reconhecimento internacional, e um norte turco, após a Turquia ter invadido a ilha depois que a população grega, majoritária, tentou unir o Chipre à Grécia. A Turquia mantém até hoje 35 mil soldados estacionados no parte norte da ilha, onde vivem 275 mil turcos étnicos. A parte sul, grega, tem 800 mil habitantes.
Eroglu, do nacionalista Partido de Unidade Nacional, é um político veterano de 71 anos e favorável a uma acomodação entre dois Estados soberanos. Ele tem dito que continuará as negociações para a reunificação, embora sob o princípio de dois Estados soberanos. Talat afirma ter o apoio da Turquia, mas o governo turco tomou o cuidado em não manifestar abertamente sua preferência. “O plano A da Turquia é dissolver a TRNC, o que impulsionará sua proposta de adesão à União Europeia”, disse Hugh Pope, analista político no think tank Crisis Group.