“Evo de nuevo”. Por onde se ande em La Paz ou nas estradas que rodeiam a cidade boliviana, lá está a frase estampada em cartazes, outdoors e pichações. Algo normal em campanhas eleitorais. A diferença, neste caso, é que não há propaganda de outros candidatos. Quem passa pela cidade tem a sensação de que Evo Morales é candidato único nas eleições presidenciais de amanhã – na qual é franco favorito, com 55% das intenções de voto, de acordo com as últimas pesquisas.
A imagem sorridente de Evo está no pedágio entre o Aeroporto de El Alto e a cidade de La Paz, na entrada do Vale da Lua – uma das principais atrações turísticas da cidade – ou no Estádio Hernando Siles, famoso por deixar sem fôlego as equipes de futebol que jogam em solo boliviano. Descobrir quem são os opositores de Evo pela propaganda é missão quase impossível. Escondido entre prédios imensos do Prado, está um dos poucos outdoors de Manfred Reyes Villa, segundo colocado nas pesquisas, com 18%.
Ex-governador de Cochabamba, Reyes parece não ter carisma suficiente para inverter a situação. “A oposição hoje é muito ligada ao passado. Não entendeu as mudanças políticas e sociais na Bolívia e não conseguiu articular uma proposta política e social”, explica o analista político Gonzalo Chávez, professor da Universidade Católica Boliviana.
Segundo ele, o fenômeno da esmagadora maioria de cartazes pró-Evo pode ser explicada pelo pouco ânimo da oposição em competir com o presidente em uma área dominada pelo partido do governo, o Movimento ao Socialismo (MAS) – favorito para obter também a maioria da cadeiras da Câmara e do Senado na votação de amanhã. “Provavelmente, acharam que seria desperdício de tempo e dinheiro e decidiram concentrar-se em áreas onde tivessem mais chances, como Santa Cruz, Pando e Tarija”, afirma Chávez.