O traficante Joaquín “El Chapo” Guzman foi formalmente acusado de violações das leis de tráfico de drogas do México, disseram autoridades do país, iniciando um processo legal que torna uma extradição rápida para os Estados Unidos improvável.
Guzman foi acusado no domingo de traficar cocaína para dentro de uma prisão de segurança máxima, anunciou o Conselho Judiciário Federal do México. Um juiz tem até terça-feira para decidir se leva Guzman a julgamento nos EUA, mas um funcionário federal mexicano afirmou que ele enfrenta uma série de outras acusações no México.
Decisões sobre todas as acusações irão atrasar significativamente qualquer decisão de extradição, apontou o oficial, em condição de anonimato. Autoridades norte-americanas têm pressionado pela extradição rápida de Guzman. Ele enfrenta acusações em pelo menos sete jurisdições dos EUA.
A captura de Guzman ocorreu em etapas. Primeiro tropas mexicanas invadiram o principal esconderijo de Guzman em Culiacan, mas o traficante saiu da casa por meio de um túnel de fuga por baixo da banheira. Fuzileiros navais mexicanos que trabalhavam com as autoridades dos EUA o perseguiram, mas perderam o homem conhecido como “Baixinho” em um labirinto de túneis sob a cidade, disseram um oficial do governo norte-americano e um alto funcionário policial. Na madrugada de sábado, ele foi capturado quando se escondia em um condomínio em Mazatlan, cidade de resorts praianos na costa do Pacífico do México. Ele tinha um rifle de estilo militar consigo, mas não disparou um tiro, segundo autoridades. A esposa, Emma Coronel, estava com ele quando foi preso.
Agora com 56 anos, Guzman estava foragido desde que fugiu da prisão em 2001, em um caminhão de lavanderia. Durante esses 13 anos, surgiram rumores de que tinha sido visto em vários locais, da Argentina ao “Triângulo Dourado” do México, uma região montanhosa e com plantações de maconha que abrange os Estados do norte de Sinaloa, Durango e Chihuahua.
Sob a liderança de Guzman, o Cartel de Sinaloa ficou mais mortal e mais poderoso,
assumindo grande parte das lucrativas rotas de tráfico ao longo da fronteira com os EUA. A derrocada do traficante começou apenas no ano passado, quando autoridades de ambos os lados da fronteira prenderam pessoas próximas e um dos seus dois principais sócios, Ismael “Mayo” Zambada.
Autoridades federais de Chicago foram as primeiras a dizer que queriam julgar Guzman. No domingo, o Procurador Assistente dos EUA no Brooklyn, Steven Tiscione, tornou-se o segundo. Em um e-mail no domingo, Tiscione disse que seu escritório também buscaria a extradição, mas ponderou que ficaria a cargo de Washington tomar a decisão final.
Júris em pelo menos sete tribunais distritais federais dos EUA, incluindo
Chicago, San Diego, Nova York e Texas, já indiciaram Guzman em uma variedade de acusações, que variam de contrabando de cocaína e heroína a participação em uma organização criminosa envolvendo assassinato e extorsão. Fonte: Associated Press.