Defendem alguns, no exercício do inalienável direito de opinião, a radical incompatibilidade entre a religião e a ciência, a fé e a razão. Mas enganam-se. Redondamente.
O cientista francês Pasteur não teve o menor pudor em proclamar: ?Quanto mais contemplo a natureza, mais a minha fé em Deus se torna idêntica a de um camponês analfabeto da Bretanha e da Normandia?. Por sua vez, o filósofo e matemático Pascal, em Les pensées, escreveu: ?Alguns homens evitam a religião, talvez por temerem que ela seja verdadeira?. Já o grande teólogo, organista e filantropo alemão, Albert Schweitzer, numa página do seu diário, assinalou: ?Não, as ciências naturais não nos afastam de Deus. Pelo contrário, aproximam-nos d?Ele?.
Na mesma linha pensante, o judeu germânico Albert Einstein sustentava que ?sem a religião a ciência é cega; sem a ciência a religião é aleijada?. E acrescentava: ?A ciência se dedica àquilo que é; a religião, ao que devia ser?. O grande papa João XXIII proclamou: ?A religião também é ciência ? a Ciência de Deus?.
Um filósofo português, Leonardo Coimbra, tem também o seu ponto de vista firmado sobre a matéria: ?A religião, como a ciência, e a própria arte, buscam igualmente interpretar o mundo, o homem e a vida. A religião, mediante símbolos, liturgia, ritos, crenças, fé; a ciência, através de fórmulas, leis, equações; a arte, segundo formas que procuram tangenciar o círculo da beleza?.
Uma coisa é certa: no mundo inteiro, nos últimos dez séculos, muito se tem discutido o fenômeno religioso. Muitos mataram e muitos morreram em nome da religião. Muitos crimes se perpetraram por causa dela. Mas o que é verdadeiramente importante é viver com ela, por ela e para ela. Na medida em que só ela nos liga à Transcendência, só ela nos aproxima do Absoluto, só ela nos une a Deus. E sem Ele, o homem está só. Mesmo que tenha a seu lado a humanidade inteira.
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