O aeroporto egípcio de Sharm el-Sheikh operou por muito tempo com falhas na segurança, incluindo problemas nos equipamentos de inspeção de bagagens e vistorias falhas nos portões de entrada para comida e combustível de aviões. As informações foram dadas por pessoas encarregadas da segurança do aeroporto à repórteres da Associated Press.

continua após a publicidade

A segurança neste e em outros aeroportos ao redor do Egito se tornou uma preocupação central enquanto investigadores apuram o que ocorreu no acidente do dia 31 de outubro com um avião russo que matou 224 pessoas. Os Estados Unidos e o Reino Unido disseram que a causa provável foi uma bomba plantada no avião e a Rússia suspendeu voos ao Egito até que a segurança nos aeroportos melhore.

Sete oficiais envolvidos na segurança do aeroporto de Sharm el-Sheikh, alguns que trabalham ali há mais de uma década, contaram sobre as falhas sob a condição de permanecerem anônimos porque não estavam autorizados a falar com a imprensa. Diversos deles afirmaram que superiores foram avisados a respeito do equipamento de raio-x de bagagem que estava com problemas, mas a máquina não foi substituída.

Uma das fontes, envolvida na segurança dos aviões, ainda apontou que ocorriam subornos a policiais mal remunerados que monitoravam os equipamentos de raio-x. “Eu não consigo nem dizer quantas vezes eu peguei uma mala cheia de drogas ou armas que eles deixaram passar por um suborno de 10 euros ou qualquer coisa do tipo”, disse.

continua após a publicidade

Porta-voz do ministério de Aviação do Egito, Mohamed Rahma descartou as declarações de segurança inadequada afirmando que “Sharm el-Sheikh é um dos aeroportos mais seguros do mundo”. Ele não deu mais detalhes.

O presidente do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, disse que autoridades britânicas enviaram um time de segurança para avaliar o aeroporto há dez meses em cooperação com equipes egípcias. Segundo ele, o resultado foi satisfatório.

continua após a publicidade

Um porta-voz do departamento de Transportes do Reino Unido não quis comentar sobre detalhes do que as equipes encontraram, mas o secretário Patrick McLoughlin sugeriou que a inspeção de bagagens era insuficiente.

Todas as bagagens passam por scanners na entrada do aeroporto e bagagens de mão passam por uma segunda máquina antes do embarque. Apesar disso, uma máquina na área para bagagens que já passaram pelo check-in sempre tem problemas e com frequência não está funcionando, afirmaram todos os funcionários do aeroporto ouvidos.

Outro integrante da equipe de segurança do aeroporto afirmou que havia um esforço para manter as aparências. Os funcionários, disse, procuravam fazer com que todos os aparelhos estivessem funcionando sempre que havia inspeções por especialistas internacionais.

Aviões vazios tem ido a Sharm el-Sheikh para buscar turistas russos e britânicos que permanecem na região, mas esses aviões tem impedido que os passageiros levem bagagem, sugerindo uma preocupação com procedimentos de segurança.

No sábado, o chefe da equipe de investigação, Ayman el-Muqadem, afirmou que um barulho foi ouvido no último segundo da gravação de voz na cabine do avião russo antes da queda da aeronave. O anúncio aumentou as suspeitas dos EUA e do Reino Unido de que o acidente foi provocado por uma bomba.

Apesar disso, el-Muqadem considerou que é cedo demais para dizer o que fez com que o avião tenha aparentemente se partido em pleno voo. “Todos os cenários estão sendo considerados, poderiam ser baterias de lítio na bagagem de algum dos passageiros, poderia ser uma explosão do tanque de combustível ou fadiga em algum dos equipamentos da aeronave”, disse a repórteres no Cairo. Fonte: Associated Press.