Com a maioria de deputados islamitas, o Parlamento do Egito realizou sua primeira sessão no período pós-Mubarak nesta segunda-feira e elegeu como líder Saad al-Katatni, político da Irmandade Muçulmana. Katatni obteve 399 votos dos 496 do Parlamento. A prioridade do novo Parlamento será a eleição de um painel de 100 legisladores que redigirão uma nova Constituição para o Egito, a qual depois precisará ser aprovada pelo povo em referendo. Outro grande passo deverá ser a realização das eleições presidenciais, previstas para antes de junho.

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“A era da exclusão política acabou no Egito”, disse el-Katatni, A Irmandade Muçulmana do parlamentar foi banida da vida política oficial do Egito durante grande parte dos seus 84 anos de existência. O grupo só saiu da clandestinidade após a revolução de 18 dias que derrubou o mandatário Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011. As eleições no Egito foram realizadas em três etapas a partir de 28 de novembro do ano passado. O partido da Irmandade Muçulmana obteve sozinho quase a metade dos votos e foi seguido por um partido da linha-dura islâmica, salafista, que obteve 28 % dos votos. Os partidos seculares e liberais, grupos que organizaram os levantes que derrubaram Mubarak, obtiveram pouco mais de 10% dos votos.

A Irmandade Muçulmana, construída durante décadas na clandestinidade, adquiriu um alto grau de disciplina e organização, o que explicou parte do seu triunfo nas urnas.

O predomínio dos islamitas era óbvio na sessão desta segunda-feira, com muitos parlamentares usando barbas, turbantes de clérigos ou vestimentas tradicionais árabes.

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Milhares de manifestantes protestaram contra os militares na frente do Parlamento e também pediram que os deputados islamitas sejam moderados no governo. “Nós estamos aqui porque a Assembleia do Povo (Parlamento) é toda islamita”, disse Mina Samir, manifestante na faixa dos 20 anos. “Agora nós temos um poder militar que apoia um poder conservador. É por isso que estou aqui protestando”, disse. “Abaixo, abaixo a ditadura militar. Sem militares e sem Irmandade Muçulmana”, gritaram manifestantes.

Mas a primeira sessão parlamentar foi um sucesso para a Irmandade. Seus partidários enfrentaram detenções, torturas e o exílio durante os longos anos do regime de Mubarak. Os parlamentares da Irmandade foram escoltados ao Parlamento por partidários e cabos eleitorais. Outras pessoas esperaram a saída dos parlamentares e entregaram flores aos legisladores.

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As informações são da Associated Press e da Dow Jones.