Membros da junta militar do Egito rejeitaram nesta quinta-feira os pedidos para que renunciem imediatamente, alegando que isso equivaleria a uma “traição”. “A população nos confiou uma missão e, se nós a abandonarmos agora, seria uma traição às pessoas”, disse o general Mukthar al-Mulla, um membro do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que ficou no poder após a saída do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro. Pelo menos 38 manifestantes foram mortos desde o sábado, quando recomeçaram os protestos na praça Tahrir pedindo o fim do governo da junta. Os militares disseram que as eleições para a Assembleia Constituinte começarão no dia 28, como programado. Uma frágil trégua foi negociada nesta quinta-feira por clérigos islâmicos entre os manifestantes e a junta militar.
“Nosso objetivo não é deixar o poder ou nele permanecer, mas implementar nosso compromisso com o povo”, afirmou Mulla. Outro membro do CSFA, o major-general Mamdouh Shahine, disse que, “se nós deixarmos o poder nas atuais circunstâncias, isso significa que o único pilar do Estado vai desmoronar”. A entrevista à imprensa dos militares ocorre após dias de confrontos na Praça Tahrir, no centro do Cairo, e em outras províncias pela saída da junta militar do poder.
A junta militar disse que estava comprometida em realizar as eleições presidenciais antes do fim de junho de 2012, quando o poder vai ser transferido para uma autoridade civil. Mais cedo, o Exército se desculpou pelas mortes dos manifestantes, após uma trégua ter sido alcançada para evitar novos confrontos entre a polícia e os manifestantes.
“As eleições não serão adiadas”, disse hoje o major-general Shahine. “As eleições começarão no dia 28 e acontecerão nos três estágios programados”, afirmou o militar. A trégua entre os militares e os manifestantes entrou em vigor às 6h da manhã desta quinta-feira. Muitos manifestantes permaneceram na praça Tahrir, mas a atitude em geral era pacífica, embora a tropa de choque da polícia e a polícia do exército estivessem a postos. A multidão continuava a pedir a renúncia do marechal Hussein Tantawi.
O Ministério da Saúde informou que o número de mortos desde o sábado nos confrontos subiu para 37. Mas o Elnadeem Center, um grupo de defesa dos direitos humanos no Egito, disse que 38 foram mortos no país inteiro. Os confrontos também deixaram mais de 2.000 feridos, a maioria por inalação de gás lacrimogêneo ou por disparos de balas de borracha. Os militares insistem que usaram apenas gás lacrimogêneo e balas de borracha e pediram aos procuradores que investiguem o uso de munição de verdade.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.