A televisão estatal egípcia informou que a promotoria do país abriu um processo de investigação contra três ex-ministros do governo e um ex-líder do partido governista. A emissora disse hoje que os alvos do inquérito são o ex-ministro do Comércio, Rachid Mohammed Rachid, o ex-ministro do Turismo, Zuhair Garana, e o ex-ministro da Habitação, Ahmed Maghrabi.

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Ahmed Ezz, magnata do aço que já foi uma figura importante no partido governista, também é investigado. Ezz é membro do Parlamento e muito próximo do filho do presidente Hosni Mubarak, Gamal. Os três ministros eram integrantes do gabinete que Mubarak demitiu no início dos protestos contra seu governo, iniciados em 25 de janeiro. Já Ezz deixou o partido.

Críticas

O governo egípcio demonstrou claramente sua convicção de que um dos principais responsáveis por estimular os protestos no país é a emissora Al-Jazira. As forças de segurança detiveram, e logo libertaram, pelo menos nove correspondentes da emissora desde o início das manifestações, no fim de janeiro. As autoridades proibiram as transmissões dos canais em inglês e árabe da televisão e revogou as credenciais de imprensa de todos os seus jornalistas. Apesar disso, o canal mantém seus serviços. Pessoas ligadas ao governo incendiaram a sucursal da Al-Jazira no Cairo na semana passada como parte de um amplo movimento repressivo contra os jornalistas.

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A rede de televisão, sediada no Catar, tem recebido elogios em todo o mundo por sua cobertura quase constante do movimento político opositor no Egito, mas tem batido de frente com as autoridades egípcias, que consideram a emissora – que detém a maior audiência no mundo árabe – como a força que impulsiona as manifestações.

O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, disse em uma reunião com diretores de meios de comunicação na terça-feira que “certos canais por satélite” fomentam os protestos e insultam o país. Uma semana antes, Suleiman havia dito que “responsabilizo alguns países amigos que possuem canais não-amigos que têm inflamado a juventude contra o país com mentiras e mostram a situação mais grave do que ela é na realidade”.

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Embora não tenha se referido nominalmente a nenhum canal televisivo, é evidente para os egípcios que Suleiman falou da Al-Jazira e que a declaração foi um final para que partidários do regime realizassem medidas repressivas contra a emissora.

Além do ataque a correspondentes no Cairo e da detenção de seus jornalistas, a Al-Jazira denunciou que seu site foi invadido e a frase “todos juntos pela queda do Egito” foi colocada no ar. Apesar dos problemas, as emissoras da Al-Jazira em árabe e em inglês não deixaram de transmitir do Egito, embora os jornalistas não apareçam na tela para evitar represálias. As informações são da Associated Press.