O chefe das Forças Armadas do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, anunciou nesta quarta-feira sua renúncia ao cargo e que concorrerá à Presidência do país nas eleições marcadas para abril.
Em discurso transmitido em rede nacional, el-Sissi apareceu em seu uniforme militar, dizendo que essa seria a última vez que o usaria, porque estava abdicando dele “para defender a nação” ao se candidatar à Presidência. Ele disse estar “respondendo a um pedido da população”. A lei egípcia estipula que apenas civis podem concorrer à Presidência, por isso a renúncia aos cargos de chefe das Forças Armadas e de ministro da Defesa e a saída do Exército eram passos necessários.
Em sua fala na noite desta quarta, el-Sissi deu um discurso no estilo de campanha eleitoral, prometendo construir “um Egito moderno e democrático”. Ele mencionou os desafios enfrentados pelo país, incluindo milhões de desempregados e uma “economia fraca”.
A expectativa é de que el-Sissi saia vencedor da eleição, depois de meses de fervor nacionalista após a deposição de Mohammed Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente e civil do Egito. A deposição, em julho, ocorreu após protestos exigindo a saída de Morsi depois de apenas um ano no cargo, em meio às críticas públicas de que seu partido, a Irmandade Muçulmana, tentava monopolizar o poder.
Desde então, o governo interino apoiado pelos militares empreendeu uma repressão feroz sobre a Irmandade Muçulmana, prendendo milhares de membros e matando centenas de manifestantes em confrontos. Ao mesmo tempo, os militantes têm travado uma campanha de ataques contra a polícia e as Forças Armadas.
Em um aparente gesto de boa vontade apesar do cerco à Irmandade, el-Sissi prometeu “nenhuma exclusão… Eu estendo a minha mão a todos dentro do país e no exterior – todos aqueles que não tenham sido condenados”. “Não haverá acerto de contas pessoal”, prometeu. Fonte: Associated Press.