Um líder espiritual da Irmandade Muçulmana e mais de 180 outros foram sentenciados a morte neste sábado (21) por uma corte egípcia no último julgamento em massa envolvendo a deposição do presidente do país no ano passado.
A condenação dada pela corte criminal de Minya é a maior sentença de morte em massa já determinada na história recente do Egito. É a segunda sentença para o líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, desde que se iniciou a repressão contra seu grupo.
A corte absolveu outras mais de 400 pessoas no caso enquanto familiares dos acusados choravam ou aplaudiam os veredictos. O caso surgiu de um ataque contra uma estação policial na cidade de el-Adwa, quando um policial e um civil foram mortos.
Ataques similares de vingança ocorreram Egito. As acusações incluíam assassinato, participação em organizações terroristas, sabotagem, posse de armas e ataque a civis.
Inicialmente, o juiz Said Youssef havia sentenciado cerca de 683 pessoas a morte por conta do ataque, depois mandou o caso para a o Grão Mufti, principal liderança espiritual, o qual ofereceu sua opinião e devolveu o caso ao juiz. Advogados dos acusados disseram que planejam recorrer.
Os julgamentos em massa têm sido repreendidos em todo o mundo. Já parte dos egípcios parece aprovar as medidas como forma de acabar com a instabilidade que toma conta do país desde a revolta de 2011 contra o ditador Hosni Mubarak.
“Houve excesso no uso de sentenças de morte recentemente, o que apenas leva a mais violência”, disse o advogado de direitos humanos Negad el-Borai. A Anistia Internacional descreveu o julgamento como “mais um sinal alarmante da crescente politização do judiciário”. O Human Rights Watch chamou o veredicto de “justiça travestida”.
O julgamento desse sábado durou menos de 15 minutos, afirmou um oficial. Apenas 75 acusados foram trazidos para uma prisão anexa ao tribunal, mas não acompanharam a sessão.