Centenas de milhares de pessoas – uma das estimativas fala em 250 mil – reuniram-se ontem na Praça Tahrir, talvez na maior manifestação no centro do Cairo desde que os protestos contra o presidente Hosni Mubarak começaram, há duas semanas.
A massa compacta de pessoas de todos os estilos – religiosos, liberais, trabalhadores, classe média, jovens, velhos, mulheres e crianças – foi uma resposta eloquente às garantias do governo de que já tem um plano para uma saída negociada e de que não vai punir os manifestantes.
Os organizadores haviam anunciado na segunda-feira que tentariam concentrar o maior número de pessoas ontem e na sexta-feira, dia do descanso semanal muçulmano, para expressar a rejeição às ofertas do governo pelos manifestantes. A oposição afirma não aceitar nada a menos do que a saída imediata de Mubarak, no poder há 30 anos.
Em público, Omar Suleiman demonstra confiança no diálogo com a oposição. “Um mapa da estrada claro foi desenhado, com um cronograma para realizar a transferência de poder pacífica e organizada”, disse ontem o recém-nomeado vice-presidente, que antes chefiava o temido serviço secreto egípcio. Procurando aplacar um receio dos manifestantes, Suleiman prometeu que não haverá represálias contra eles depois que deixarem a praça.
Essas promessas são recebidas com ceticismo pelos manifestantes e pela oposição, depois de 30 anos de ditadura, sob leis de emergência – que Suleiman também promete rever. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.