Milhares de egípcios se reuniram nesta quarta-feira para lembrar o primeiro aniversário do levante de 2011 que derrubou o presidente Hosni Mubarak. Liberais e islamitas se concentraram em diferentes pontos da praça Tahrir, na capital Cairo, o que reflete a profunda divisão política que ocorreu no espaço de um ano após o fim do regime de Mubarak.

continua após a publicidade

Grupos como a Irmandade Muçulmana e seus rivais liberais e seculares discordam tanto no que diz respeito às conquistas da revolução quanto às estratégias para alcançá-las, particularmente sobre o relacionamento com os novos governantes militares do país.

Voluntários da Irmandade, grupo fundamentalista que conquistou pouco menos da metade dos assentos no Parlamento, verificavam documentos e faziam revistas nas milhares de pessoas que saíram às ruas para participar dos protestos.

Outros integrantes da Irmandade formaram um cordão humano ao redor do enorme palco montado durante a noite pelo grupo. Partidários da Irmandade cantavam músicas religiosas e gritavam “Allahu Akbar!”, que significa “Deus é grande!”.

continua após a publicidade

Já os liberais, do outro lado da praça, cantavam “Abaixo o governo militar!” e exigiam que o Marechal de Campo Hussein Tantawi, chefe da junta militar que comanda o país, seja executado.

“Tantawi veio e matou mais revolucionários. Nós queremos sua execução”, gritavam, em alusão aos mais de 80 manifestantes mortos por tropas do Exército desde outubro.

continua após a publicidade

Milhares de civis, muitos dos quais manifestantes, têm sido julgados em tribunais militares desde a queda de Mubark.

Não havia tropas militares ou policiais na praça Tahrir, onde em 25 de janeiro de 2011 teve início a revolta que 18 dias depois resultou na saída do presidente.

Generais militares liderados por Tantawi tomaram o poder após a queda de Mubarak em 11 de fevereiro. O presidente deposto está sendo julgado por cumplicidade nas mortes de milhares de manifestantes durante o levante.

Mas os grupos liberais e esquerdistas por trás da queda do presidente dizem que pouco mudou no regime, já que os generais mantiveram a maior parte dos integrantes do governo de Mubarak e que a Irmandade tacitamente aceitou este fato, concentrando seus esforços nas eleições parlamentares, em vez de trabalhar para colocar em prática os objetivos da revolta como justiça social, democracia e liberdade. As informações são da Associated Press.