Milhares de pessoas são esperadas hoje na Praça Tahrir, no centro do Cairo, para mais um dia de protestos contra o governo do Egito. A rede de TV Al-Jazira informa, em seu site, que sindicatos realizam greves pelo segundo dia consecutivo, no 17º dia de manifestações pelo fim do governo do presidente Hosni Mubarak.
Há temores sobre possíveis prejuízos causados pelas greves no Canal de Suez, rota estratégica ligando o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, por onde passa boa parte do petróleo produzido no Oriente Médio. Segundo a agência Associated Press, alguns técnicos que trabalham no local estão em greve. Um funcionário da administração do canal afirmou, porém, que a rota não foi afetada por enquanto.
A economista Nada Farid, do Beltone Financial, banco de investimentos sediado no Cairo, afirmou esperar um crescimento normal dos lucros em Suez, mas demonstrou preocupação com as greves de alguns funcionários no canal. “Nós permanecemos vigilantes com as greves de funcionários no Canal de Suez que, caso se tornem uma atividade recorrente, podem influenciar a percepção internacional, levando companhias de transporte a considerarem diferentes rotas”, disse. “Porém nós reiteramos que essa possibilidade ainda é improvável, pois as rotas alternativas são muito caras”, apontou a economista.
Protestos ocorrem em várias cidades do país hoje. Segundo a Al-Jazira, são esperados 5 mil médicos e estudantes de medicina nas manifestações. Advogados, trabalhadores do setor de transporte e artistas também cruzaram os braços. A rede informa que muitos trabalhadores querem melhores salários, mas vários também pedem a saída de Mubarak, de 82 anos, no poder desde 1981.
Mubarak já prometeu não concorrer à reeleição em setembro, mas os manifestantes exigem sua saída imediata e uma transição para a democracia. Os organizadores esperam grandes manifestações amanhã, dia de orações para os muçulmanos, muitos dos quais após irem às mesquitas seguem para os protestos. Na terça-feira, cerca de 250 mil pessoas protestaram e deram nova força ao movimento, mesmo após o governo ceder em alguns pontos, como a criação de uma comissão para se discutir avanços rumo à democracia. Para os manifestantes, porém, é fundamental que Mubarak deixe o cargo. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.