Mais de 10 mil islamitas egípcios saíram em protesto nesta sexta-feira no Cairo para exigir que membros do regime do ex-presidente Hosni Mubarak sejam impedidos de se candidatar nas eleições do mês que vem. Os grupo se reuniu na praça Tahrir, símbolo dos protestos populares que levaram à queda de Mubarak, gritando “nada de sobras do antigo regime!”.
“Nós não queremos Omar Suleiman!”, gritavam, numa referência ao ex-chefe de inteligência de Mubarak, que também ocupou a vice-presidência por um curto período. Suleiman tenta voltar à vida política como candidato à presidência nas eleições que acontecem entre 23 e 24 de maio.
A marcha é a maior manifestação realizada no país nos últimos meses e representa um retorno dos islamitas, que haviam abandonado os protestos de rua, principalmente após terem conquistado do domínio do Parlamento nas eleições do ano passado e buscarem uma estratégia de coexistência com os militares.
As manifestações desta sexta-feira ocorrem um dia depois que o Parlamento ter aprovado uma lei que vai proibir integrantes do antigo regime de concorrer a cargos públicos.
A lei, que ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que está no comando do país, pode desqualificar para as eleições antigos membros do governo, como Suleiman. Mas a ‘impressão geral é que o CSFA, que tomou o poder quando Mubark caiu, em 11 de fevereiro de 2011, apoia a candidatura de Suleiman à presidência.
O último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq, assim como o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, também são candidatos ao comando do país e podem ser desqualificados caso a nova lei seja ratificada.
Khairat El-Shater, candidato presidencial pela poderosa Irmandade Muçulmana, condenou a tentativa de Suleiman de voltar à vida política, dizendo que a medida é uma tentativa de “roubar a revolução” e afirmou que a medida poderia dar origem a grandes protesto de rua. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.