A China é o único país do mundo onde existem ursos panda livres em seu habitat natural – aproximadamente 1,6 mil animais – um número que mantém a espécie em perigo de extinção, apesar de medidas, como o ecoturismo local, que ajudam na sua preservação.
Segundo explicou à Agência Efe o doutor Zhang Zhihe, diretor da Base de Pandas de Chengdu (província de Sichuan), desde que a China começou a resgatar pandas selvagens em 1953 para protegê-los, reproduzi-los em cativeiro e reinseri-los em seu habitat natural, o país asiático conseguiu aumentar o número de animais nos últimos anos.
Há algumas décadas havia menos de mil pandas no planeta. O último censo chinês de ursos em liberdade é de 1.596, entretanto, este foi elaborado em 2004, por isso, acredita-se que o número atual seja um pouco maior.
Além deles, existem 328 pandas vivendo em cativeiro ao redor de todo o planeta, afirmou Zhang.
“Na China temos 62 reservas naturais de pandas de nível nacional, das quais 37 estão em Sichuan”, acrescentou o cientista, cuja base tem 19 exemplares que estão atualmente no exterior.
Contudo, o número de pandas em liberdade é ainda “muito precário e muito baixo”, e apesar de sua população ter aumentado após quatro décadas de proteção, “para qualquer espécie ainda é um número muito pequeno” que representa riscos, disse à Efe o fundador da ONG americana WildAid, Peter Knights.
“Quando se tem uma população em números tão baixos, a espécie é muito vulnerável às doenças, que podem reduzi-la muitíssimo”, contou Knights.
A preservação do animal é ainda mais complicada devido à redução do seu habitat natural, as florestas de bambu que estão ameaçadas pela crescente urbanização chinesa.
Para proteger estes animais é necessário aumentar o habitat e “treinar os pandas nascidos em cativeiro para que possam sobreviver na vida selvagem, um processo caro”, admitiu o ativista.
“Por isso estamos vendo as possibilidades do ecoturismo em torno dos pandas, o que permitiria utilizarmos as receitas obtidas na sua preservação e, além disso, gerar dinheiro para as comunidades locais”, que seriam assim as principais interessadas em preservá-los, declarou.
Na China, essa ideia está apenas começando, “mas em muitos lugares do mundo tem funcionado, como nas ilhas Galápagos, no Equador, onde o turismo gera milhões de dólares para a conservação da biodiversidade”, e onde a WildAid também mantém programas.
“A China tem os pandas como um ativo exclusivo que ninguém mais tem no mundo: é o único país onde podemos ver pandas em liberdade, e acho que no futuro as pessoas estarão dispostas a pagar cada vez mais para poder desfrutar dessa experiência aqui na China”, concluiu Knights.
A WildAid e a Base de Pandas de Chengdu compartilham desde 2010 uma campanha mundial para recrutar “pandaixadores”, jovens de todo o mundo que permanecem na China durante um ano e são treinados a cuidar dos ursos, convivem com eles e seus tratadores e depois divulgam o que aprenderam.
A segunda rodada de busca de “pandaixadores” acaba de ser apresentada em Xangai, com apoio do ex-jogador de basquete Yao Ming – um herói do esporte nacional – e os organizadores esperam superar as 60 mil inscrições da primeira edição.
“O programa teve um impacto muito grande e bem-sucedido na China e no mundo todo, chegando a quase 80 países”, relatou Zhang, que acredita que a campanha vai ajudar cada vez mais na “conscientização das pessoas sobre a situação dos pandas e da importância de preservá-los”.