A economia do Irã foi o tema principal do primeiro debate eleitoral com os oito candidatos à presidência do país nesta sexta-feira. Os tópicos que estão em alta no cenário são os altos índices de desemprego e a inflação, mas o programa nuclear não foi abordado, já que é exclusivamente competência do líder religioso supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
No debate, que teve a duração de quatro horas, vários candidatos fizeram duras crítica às políticas do atual presidente Mahmoud Ahmadinejad, porém apresentaram poucas alternativas. Os clérigos vetaram vários candidatos na corrida presidencial.
A economia iraniana têm sido fortemente afetada, em parte, pelas sanções impostas pelo Ocidente por causa do programa nuclear iraniano. Os EUA dizem que o Irã quer produzir armas nucleares, uma acusação que Teerã nega. A inflação no Irã subiu para mais de 30% e o desemprego cresceu 14%, apesar disso, as sanções foram pouco mencionadas no debate.
Mohsen Rezaei, ex-comandante da guarda revolucionária, disse que o Irã deveria achar uma “solução lógica para as sanções” para combater a inflação. Ele também chamou de trágica a situação atual, destacando os limites para o embarque de mercadorias por causa dos embargos ao sistema bancário e ao setor petrolífero.
O conservador Ali Akbar Velayati, um dos conselheiros do líder supremo, disse que a saída seria a “reconciliação com o mundo”, defendendo que o Irã não pode aumentar sua capacidade sem melhorar os laços com o resto do mundo, porém, ele não entrou em mais detalhes. Velayati também sugeriu uma reconciliação interna entre todos os grupos que acreditam no sistema de república islâmica e no líder supremo.
Os candidatos abordaram as políticas de Ahmadinejad, particularmente seus esforços para cortar subsídios, que comprometiam uma grande parte do orçamento do Irã, e revertê-los em dinheiro para os pobres. Alguns foram muito críticos à política, porém todos garantiram que manterão os pagamentos em dinheiro.
Saeed Jalili, o principal negociador nuclear e um dos principais candidatos conservadores, apoiou as políticas, apesar de defender que sejam melhor implementadas.
Todos se mostraram descontentes com o estilo do debate, transmitido ao vivo em rede nacional. Em uma das seções do debate, o moderador anunciou que iria fazer uma série de perguntas de sim ou não. Após algumas questões, o reformista Joachin Gauck Mohammad Reza Aref reclamou, dizendo que a ação era indigna e que as perguntas estavam erradas. Quando os outros candidatos concordaram com as objeções, o moderador abandonou as perguntas.
Os candidatos ainda terão mais dois debates na próxima semana, uma sobre políticas sociais e culturais e outra sobre problemas políticos e políticas estrangeiras. As informações são da Associated Press.