A polícia de Dubai acusou hoje, diretamente, o serviço israelense de espionagem Mossad de orquestrar o assassinato de um líder do grupo islâmico Hamas. A polícia também elevou a 18 o número de suspeitos de participação no crime. Enquanto isso, em Paris, a Polícia Internacional (Interpol) incluiu 11 suspeitos de participação no episódio em sua lista de criminosos mais procurados.
O general Dahi Khalfan Tamim, comandante da polícia de Dubai, afirmou hoje que uma investigação inicial do assassinato de Mahmoud al-Mabhouh mostra quase certamente o envolvimento do serviço de espionagem internacional Mossad, de Israel.
O site do jornal “The National” cita Tamim dizendo que a investigação sobre o caso “revela que o Mossad está envolvido no homicídio” de Mahmoud al-Mabhouh. Tamim afirma estar “99%, se não 100% certo, de que o Mossad está por trás do assassinato”.
O jornal The “National” é propriedade do governo de Abu Dabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Os nomes dos passaportes de sete suspeitos implicados no crime combinavam com os de pessoas que vivem em Israel, levantando a possibilidade dessa ligação.
Al-Mabhouh foi um dos fundadores do braço militar do Hamas. Ele morreu em um hotel de Dubai e seu corpo foi encontrado em 20 de janeiro. Hoje, Grã-Bretanha e Irlanda convocaram os respectivos embaixadores de Israel em suas capitais para tratar do caso, após denúncias de que teriam sido usados pelos criminosos passaportes europeus.
Um funcionário dos Emirados Árabes envolvido no caso afirmou nesta quinta-feira que há 18 pessoas suspeitas no caso, inclusive duas mulheres. Segundo autoridades locais, dez suspeitos e uma suspeita viajaram até o país com passaportes falsos. Seis desses documentos falsos seriam britânicos, três irlandeses, um alemão e um francês.
O caso gerou um princípio de crise diplomática entre Israel e Grã-Bretanha. O primeiro-ministro Gordon Brown ordenou a abertura de uma investigação sobre o caso. Autoridades britânicas questionam qual a participação de Israel no episódio, uma vez que o grupo Hamas acusa o serviço secreto israelense de ser autor do assassinato. O governo britânico quer também saber como os assassinos conseguiram os passaportes de seus cidadãos.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse a uma rádio local que não há provas contra seu país. “Não há razão para pensar que foi o Mossad, e não algum outro serviço de inteligência ou algum outro país que esteja por trás do episódio”, declarou.
Rafi Eitan, um ex-membro do Mossad, negou envolvimento da organização no caso. “O Mossad não está por trás do assassinato de Mahmoud al-Mabhouh. Isso é um ato de alguma organização estrangeira querendo incriminar Israel”, alegou.
Interpol
Em Paris, a Interpol incluiu hoje 11 suspeitos pelo assassinato de Mahmoud al-Mabhouh em sua lista de pessoas mais procuradas. A agência policial internacional afirmou que emitiu notificações vermelhas, seu nível de alerta mais alto, a seus países-membros do mundo todo por “11 indivíduos procurados internacionalmente que foram acusados pelas autoridades dos Emirados Árabes Unidos/Dubai de coordenar e cometer o assassinato”.
A Interpol informou que tomou a medida atendendo a um pedido de Dubai. A agência acredita que os suspeitos tenham utilizado passaportes falsos. A Interpol emitiu as notificações, que incluem fotos, “para limitar a capacidade dos supostos assassinos de viajar livremente usando os mesmos passaportes falsos”.