Dissidente chinês se declara inocente em julgamento em Pequim

O ativista chinês pró-democracia Hu Jia declarou ser inocente do crime de "instigar a subversão dos poderes do Estado" pelo qual foi julgado nesta terça-feira (17) no Tribunal do Povo Número Um, em Pequim, anunciou seu advogado, Li Fangping.

O veredicto, segundo o advogado, será dado provavelmente na semana que vem. O dissidente corre o risco de pegar até cinco anos de prisão. Li afirmou que as provas apresentadas pela promotoria contra Hu Jia são seis artigos e duas entrevistas publicados em jornais estrangeiros.
O advogado sustentou que os artigos e as entrevistas são "expressões da liberdade de pensamento" e não constituem de modo algum incitações à subversão.

O pai e a esposa de Hu, Zeng Jinyan, que também é ativista, foram proibidos de assistirem ao julgamento.
Segundo Sophie Richardson, responsável pelo grupo humanitário Human Rights Watch na Ásia, "o caso de Hu Jia foi marcado desde o início por violações dos direitos humanos. Sua prisão foi política, as acusações são políticas e o processo é político". Hu foi preso no último dia 27 de dezembro e, desde então, Zeng Jinyan está sendo mantida em prisão domiciliar com a filha de quatro meses do casal.

Anteriormente, Hu e Zeng haviam sido mantidos em prisão domiciliar por quase um ano. Hu Jia, de 34 anos, está entre os primeiros a denunciar o escândalo da venda de sangue infectado na província de Henan, o que provocou a morte por Aids de milhares de pessoas. Em seguida participou de campanhas pela liberdade de religião e por reformas no sistema judiciário.
Hu escreveu em setembro de 2007, em parceria advogado Teng Biao, uma "carta aberta" intitulada "A verdadeira China das Olimpíadas", com a qual os dois ativistas pediram à comunidade internacional para prestar atenção na situação dos direitos humanos na China em 2008.

Duas semanas atrás, Teng Biao foi seqüestrado por um grupo de policiais que o mantiveram por dois dias em um local secreto e o aconselharam a parar de se encontrar com jornalistas estrangeiros. Segundo a Fundação Dui Hua, grupo humanitário em defesa dos prisioneiros chineses, "não se pode fugir da conclusão que a prisão de Hu Jia esteja ligada às Olimpíadas".

Em uma coletiva de imprensa ocorrida nesta terça, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que o caso de Hu será tratado "de acordo com a lei". Wen negou categoricamente que esteja ocorrendo uma "perseguição" aos dissidentes em vista das Olimpíadas.

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