mundo

Discurso de líderes coreanos para desnuclearização continua vago

Depois de realizar duas cúpulas consecutivas com discursos crescentemente animadores, mas vazios, os dois líderes coreanos finalmente produziram resultados substanciais em sua terceira reunião.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, recebeu o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em Pyongyang nesta quarta-feira, 19, para mais uma rodada de conversas. A cúpula ocorreu em meio à hesitação de negociações nucleares entre Estados Unidos e Coreia do Norte, que haviam levantado dúvidas sobre a real disposição de Kim de abandonar seu arsenal.

Confira abaixo os principais pontos produzidos pela reunião:

– Desnuclearização

Segundo o comunicado conjunto divulgado pelos dois países, a Coreia do Norte concordou em desmantelar permanentemente uma plataforma de lançamento de mísseis e uma instalação de testes nucleares localizados no noroeste do país, com a presença de especialistas internacionais.

Pyongyang também disse que pode tomar outras medidas, como desmantelar seu principal complexo nuclear, em Nyongbyon, caso os EUA tomem medidas recíprocas.

Embora simbólico, o desmantelamento do campo de testes de mísseis e plataforma de lançamento não representaria um passo sólido rumo à desnuclearização da Coreia do Norte, que depois de uma série de testes de armas no último ano, declarou como completa a força de seu armamento nuclear. O país investiu muito esforço na melhoria da mobilidade de seus mísseis mais poderosos, projetados para lançamento a partir de veículos.

Além disso, o nível de acesso que especialistas estrangeiros terão aos locais do desmantelamento não foi detalhado. No entanto, esse monitoramento não seria nulo de importância, porque daria a Washington e Seul a possibilidade de argumentar que, ao aceitar a presença de especialistas externos, Kim concordou que os acordos devam ser verificados. Nesse sentido, a medida poderia tornar mais difícil para o líder norte-coreano rejeitar as inspeções quando o processo de desnuclearização prosseguir.

Em maio deste ano, o norte realizou o desmantelamento de um campo de testes nucleares de maneira unilateral, mas não convidou especialistas para observar a ação.

Apesar de concordar em uma medida prática, as discussões sobre a desnuclearização da Coreia do Norte ainda não respondem a perguntas básicas, como o que será feito, quando e como será feito. Na declaração conjunta dessa cúpula, Moon e Kim repetiram seus objetivos anteriores ao dizer que as Coreias vão “cooperar de perto no processo de busca pela completa desnuclearização da Península Coreana”.

Por décadas, o Norte tem praticado um conceito de desnuclearização que não tem semelhança alguma com a definição americana. O país asiático prometia buscar o desenvolvimento nuclear enquanto EUA não removessem suas tropas do lado sul da fronteira, além da proteção nuclear para a defesa do Japão e Coreia do Sul.

Alguns especialistas dizem que Washington está tentando fazer com que a negociação nuclear signifique uma redução bilateral de armas nucleares entre os dois Estados, em vez de um processo de rendição das armas nucleares apenas da Coreia do Norte.

Kim, em coletiva de imprensa, disse que as Coreias trabalharão para tornar a Península uma “terra de paz sem armas nucleares ou ameaça nuclear”, mas a declaração não é diferente de seu posicionamento de longa data.

As declarações vagas dos líderes coreanos não incluíram um cronograma, apesar de funcionários sul-coreanos terem dito anteriormente que o líder norte-coreano havia expressado o desejo de atingir a desnuclearização completa até o final do primeiro mandato do presidente americano, Donald Trump.

“As únicas promessas firmes que a Coreia do Norte fez foram de permanentemente desmantelar o campo de testes de mísseis e plataforma de lançamento”, disse Cheong Seong-Chang, especialista do Instituto Sejong, da Coreia do Sul.

Segundo Cheong, a declaração dificilmente vai satisfazer os falcões da administração Trump, que pedem o retorno da campanha de pressão contra o Norte.

– Esportes e outras questões

Os líderes coreanos concordaram em buscar uma candidatura conjunta para Jogos Olímpicos de 2032. Eles também planejam enviar mais equipes conjuntas para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 e outros eventos esportivos. No entanto, para muitos sul-coreanos é incompreensível que os dois lados estejam sequer falando sobre competir juntas nas Olimpíadas.

A Coreia do Norte boicotou os Jogos Asiáticos de 1986 e a Olimpíada de 1988, ambas sediadas em Seul, e as relações pioraram na véspera da Olimpíada de Seul, quando o Norte bombardeou um jato sul-coreano, matando todos 115 a bordo, em dezembro de 1987. Além disso, Os jogos de 1988 marcaram a chegada da Coreia do Sul no cenário mundial como uma economia moderna e industrializada e uma democracia plena.

A Olimpíada de Inverno deste ano, na cidade turística de Pyeongchang, proporcionou o palco para um avanço diplomático importante entre os países, após um período de animosidade por conta dos testes nucleares e de mísseis de Pyongyang.

Para além do esporte, os líderes também concordaram que uma trupe de artistas de Pyongyang visite o Seul para apresentações em outubro, além de trabalhar para a realização de mais reuniões entre parentes separados pela Guerra da Coreia. Fonte: Associated Press

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo