Os diplomatas do Irã expulsos do Reino Unido em retaliação aos ataques à embaixada britânica em Teerã chegaram hoje ao seu país, segundo noticiado pela agência de notícias oficial IRNA. Cerca de 150 pessoas esperavam os diplomatas no aeroporto Mehrabad, na capital iraniana, com colares de flores, para dar aos quase 25 representantes e seus familiares uma recepção de heróis.
Mas o governo do Irã, aparentemente contrário a qualquer manifestação que possa piorar ainda mais o impasse internacional, retirou os diplomatas por uma porta dos fundos, impedindo que eles fossem saudados pela multidão.
Na terça-feira desta semana, a embaixada britânica e um complexo residencial da delegação em Teerã foram atacados por um suposto grupo da milícia radical Basij, mas o governo do Reino Unido alega que os protestos foram permitidos pela elite que governa o Irã.
O episódio aumentou ainda mais o isolamento do país. Alemanha, França e Holanda chamaram de volta seus embaixadores que estavam no Irã, já Itália e Espanha convocaram os representantes iranianos para expressar a condenação aos ataques. Hoje um diplomata francês afirmou que o país decidiu reduzir “temporariamente” o tamanho da sua embaixada em Teerã, como uma “medida preventiva”.
O fato do governo iraniano ter impedido a cerimônia de recepção no aeroporto hoje aos diplomatas mostra a existência de divergências entre o grupo do presidente Mahmoud Ahmadinejad e alguns setores mais radicais da administração. Ahmadinejad condenou o ataque ao complexo diplomático e se opôs à redução no nível das relações diplomáticas com o Reino Unido. Já Mohammad Mohammadian, representante do supremo líder do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, elogiou os manifestantes que atacaram a embaixada, dizendo que eles atingiram o “epicentro da sedição”.
O embaixador britânico no Irã, Dominick Chilcott, que já está de volta ao Reino Unido, deu novos detalhes sobre os ataques, afirmando que a experiência foi assustadora. “Nós não tínhamos noção de como aquilo iria terminar”, comentou, descrevendo como a multidão destruiu móveis, devastou cômodos, pichou paredes e rasgou um quadro da rainha Vitória, enquanto a equipe diplomática se refugiava em uma área segura do complexo.
A certa altura, o grupo iniciou um incêndio dentro da chancelaria, forçando a equipe britânica a abandonar a área onde estava refugiada e subir por uma escada de incêndio para conseguir deixar o prédio. Um pequeno número de policiais os escoltou a outro prédio dentro do complexo e os orientou a deitar no chão. Segundo o embaixador, sete funcionários que estavam em outro prédio que também foi atacado foram capturados pelos manifestantes e tratados “muito rudemente”. As informações são da Associated Press.