Diálogo está ‘estagnado’, diz negociador de Zelaya

As conversas entre negociadores do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, entraram em um impasse ontem à noite. Um representante de Zelaya, Víctor Meza, descreveu as conversas como “estagnadas”. “O diálogo, ainda que não esteja interrompido, encontra-se em evidente fase de obstrução.”

O enviado do líder deposto qualificou a última proposta do governo de Micheletti como “insultante”. Meza disse que o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que se reunirá amanhã em Washington, “deveria avaliar e decidir” sobre a situação em Honduras.

A crise política paralisou o empobrecido país da América Central desde 28 de junho, quando Zelaya foi deposto e expulso do país em um golpe militar apoiado pelo Legislativo e pelo Judiciário. Em 21 de setembro, Zelaya voltou a Tegucigalpa e, desde então, está abrigado na Embaixada do Brasil. Líderes e organizações regionais pressionam por um acordo antes das eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro, ameaçando não reconhecer a disputa.

“Eu espero que eles façam uma proposta séria, mas mantenho sérias reservas”, disse Zelaya na embaixada brasileira. “Nós acreditamos que sempre haverá uma porta aberta, mas devemos denunciar nacional e internacionalmente a manipulação que ocorreu”, afirmou ele, em entrevista à Rádio Globo, de Honduras.

 

Suprema Corte

 

O governo de Micheletti quer que a Suprema Corte decida sobre a volta de Zelaya. Porém, o líder deposto denuncia esse órgão como parte integrante do golpe de Estado. A corte acusou Zelaya de 18 crimes, relacionados à tentativa do presidente de tentar mudar a Constituição, com o objetivo de se reeleger.

A crise motivada pelas tentativas de Zelaya de reformar a Carta convocando um referendo foi o estopim do golpe. Some-se a isso o fato de Zelaya, eleito por um partido de direita, ter se aproximado de governos de esquerda da região, como o do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causando descontentamento entre seus aliados.

O regime de Micheletti suspendeu ontem um decreto que restringia os direitos civis no país. O diálogo entre os rivais, porém, “pende por um fio”, na expressão do jornal local “El Heraldo”. As informações são da Dow Jones.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna