Desesperados com a falta de notícias de seus familiares, haitianos radicados em São Paulo dependem de amigos da República Dominicana, a 5 horas de carro de Porto Príncipe, para obter informações sobre pais, filhos e tios. Nos últimos dois dias, o consulado do país caribenho na Avenida Paulista virou um “acampamento” para médicos, professores, estudantes e profissionais de diversas áreas em busca de ajuda. Hoje, são 212 haitianos vivendo legalmente na capital paulista.
Durante a tarde de ontem, a veiculação de novas imagens na TV sobre a destruição do país, com pessoas feridas e mortos nas ruas, aumentou a aflição do cônsul-geral do Haiti, George Antoine, que vive em São Paulo há 35 anos. Ele sabia apenas que uma sobrinha e os três filhos dela seguiam desaparecidos. “Temos muitos amigos da Embaixada do Haiti na República Dominicana que estão indo para Porto Príncipe e, depois, voltarão para entrar em contato conosco. Talvez no domingo tenhamos informações mais precisas. Por enquanto, não conseguimos nenhum contato telefônico com o país. É uma angústia que aumenta a cada hora”, lamentou o cônsul.
Os haitianos que permanecem no consulado querem de qualquer forma embarcar para o país em um voo militar da Força Aérea Brasileira (FAB). As perspectivas para que isso ocorra, porém, ainda são pequenas para as próximas duas semanas. “Eu vim aqui no consulado oferecer um grupo de 16 médicos para embarcar ao país, mas, por enquanto, não temos como voar até lá”, contou o presidente do Instituto Americano de Saúde Pública, Roberto Marton. O cônsul em São Paulo prometeu tentar fretar um voo militar com parentes. “Por enquanto, o consulado é o nosso ponto de apoio para tentarmos informações.”