Respondo incontinenti à questão que encima a presente crônica: desde que me conheço por gente. Desde os verdes anos – nove ou dez? Mas atenção, prezado leitor que me dá a honra de acompanhar estas mal-traçadas -ou melhor, mal-digitadas – linhas: o meu marxismo nada tinha de político. Nada teve a ver com a leitura daquela que, sem trocadilho, é a obra capital de Karl Marx. Refiro-me naturalmente a ?Das Kapital? (O capital).
Aliás, naquela época ultramarina, além-Atlântico, ainda que desejasse ler o citado livro, seria quase impossível fazê-lo. O mesmo estava no ?index? dos livros proibidos pelo ?consulado? salazarista.
Na realidade, tornei-me marxista – e marxista convicto – assistindo, no velho ?poieira? da minha cidadezinha natal, Mortágua, de propriedade de um tipo curioso chamado Augusto Barbosa de Morais Lobo, aos filmes inesquecíveis de uma trinca de ases da comédia, os irmãos Marx – Groucho, Harpo e Zeppo. (Aqui, faço questão de confessar: Mortágua foi, durante breves anos, a capital provisória desse doce país chamado Infância. Do qual todos, sem exceção, somos obrigados a emigrar um dia, inexoravelmente).
Enfim, foi então que me tornei (e continuo sendo até hoje) marxista. Não karlmarxista, mas grouchomarxista. Há uma diferença sutil entre os dois marxismos…
E já que estou falando de três mestres da comédia cinematográfica, não posso esquecer de evocar outros nomes emblemáticos da mesma província hilariante: o Gordo e o Magro (para mim, os maiores), Carlitos, Cantinflas, Fernandel, Totó e Peter Sellers. Esqueci algum nome importante? Certamente que sim.
Todos esses cômicos saudosos foram responsáveis diretos por algumas das mais gostosas risadas da minha vida. E como dizia com toda a propriedade o imenso Chamfort, ?o mais perdido dos dias da vida é aquele em que não se riu…? Certíssimo, excelente Chamfort! Sem a flor do riso, como viver – ou sobreviver – neste nosso ?vale de lágrimas??