Pesquisas e boca de urna e a imprensa japonesa indicam que o Partido Liberal Democrata (LPD, na sigla em inglês) do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sofreu uma derrota nas eleições de Tóquio, realizadas neste domingo, com os assentos do partido passando de 56 (de 127 lugares) para um número abaixo de 40. Para a consultoria de risco político Eurasia, embora o resultado provavelmente não indique uma saída de Abe do poder, “isso o enfraquece muito, além de corroer a tentativa do premiê de ganhar um terceiro mandato como presidente do LPD, em setembro de 2018”.
Em relatório divulgado neste domingo, após os resultados iniciais das eleições, o Eurasia Group comenta que a derrota nas eleições não deve forçar Abe a renunciar ao cargo ou a descartar seus planos para garantir outro mandato como presidente do LPD. No entanto, “isso irá alimentar a narrativa de que Abe se tornou uma responsabilidade para o partido, aumentando o risco de que seu controle no poder se enfraqueça ainda mais”.
A derrota também aumentará a especulação de que a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, usará a vitória de seu partido, o Tokyoites First Association, que se tornou um grande grupo político na Assembleia, como um trampolim para a política nacional, com o objetivo de se tornar primeira-ministra no futuro, na visão do Eurasia Group. “Pensamos que as chances de Koike de substituir Abe são baixas, mas a vitória em Tóquio aumentará seu apelo como uma força política formidável.”
A consultoria afirma que Abe deve reformular seu gabinete em agosto, ou até mesmo antes, para aumentar sua popularidade, tirando figuras controversas e trazendo rostos novos, além de tentar manter o núcleo duro de sua equipe. Para a Eurasia, “Abe também, provavelmente, irá pressionar por mais gastos fiscais, sob a forma de um orçamento suplementar, a fim de reforçar o apoio entre os deputados e eleitores do LPD”. Ele também continuará a apoiar a política monetária frouxa do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), aumentando a probabilidade de pedir que o presidente da instituição, Haruhiko Kuroda, permaneça por mais cinco anos no cargo, além do atual mandato, que termina em abril de 2018.
“Não é certo se a derrota em Tóquio levará Abe a avançar com os planos para acelerar os esforços de revisão da Constituição”, diz a consultoria. Para ela, se Abe planejar alterar a Constituição no “banho-maria”, ele terá mais capital político para se concentrar no avanço de reformas estruturais. “Dito isso, ainda não esperamos que ele introduza grandes mudanças a curto prazo, em áreas como a previdência ou o mercado de trabalho, que arriscam criar uma reação entre trabalhadores e sindicatos.”
Em contraste, o Eurasia Group pontua que o premiê japonês sentirá uma pressão ainda maior para demonstrar a liderança no país, em seus esforços para concluir uma Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), mesmo sem a presença dos Estados Unidos, bem como outros acordos comerciais, como um pacto entre Japão e União Europeia, cujas negociações entraram em um estágio final.