O veto contundente do Congresso à restituição do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya – no total, 111 deputados votaram contra a sua volta e só 14 a favor – levantou ontem pelo menos três dúvidas no que diz respeito ao desfecho da crise. O que acontecerá com Zelaya? Como será feita a transição para o governo eleito no domingo? E como o país sobreviverá à crise provocada pelo corte da ajuda internacional, uma vez que a restituição era vista como uma forma de romper o isolamento internacional de Honduras?
O resultado da votação foi recebido como “derrota em final de Copa do Mundo” na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado desde 21 de setembro. Mas não com surpresa. O presidente deposto disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, apesar das promessas de diálogo, não recebeu nenhum telefonema do presidente eleito, Porfirio “Pepe” Lobo, do Partido Nacional – sigla que votou em bloco contra a sua restituição.
O mandato de Zelaya termina no dia 27 de janeiro. Segundo uma fonte próxima a ele, uma das opções consideradas pelo presidente deposto seria se asilar depois dessa data. Ontem, os rumores sobre um possível exílio começaram a crescer. Zelaya, porém, nega-se a dizer quais são seus planos. “Não tenho bola de cristal para prever o futuro”, esquiva-se.
Em entrevista no palácio presidencial, o presidente de facto, Roberto Micheletti – de volta ao cargo após um afastamento de uma semana – disse que não pode dar anistia a Zelaya porque isso seria responsabilidade do Congresso, mas apenas um indulto (para crimes comuns, não políticos). Segundo Micheletti, o exílio de Zelaya poderia trazer “paz e tranquilidade” para Honduras.