Deputados democratas que comandam o processo de impeachment do presidente Donald Trump pediram nesta quarta-feira, 30, ao ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton que deponha na semana que vem. Segundo o “New York Times”, a mesma solicitação foi feita a outros dois funcionários de alto escalão da Casa Branca – todos por meio de cartas com pedidos voluntários.

continua após a publicidade

Segundo testemunhas que já passaram pela Câmara, o depoimento de Bolton seria crucial, porque ele teria ficado alarmado com a atuação do advogado de Trump, Rudolph Giuliani, e de outros assessores para que a Ucrânia cedesse à pressão para investigar adversários políticos do presidente. Bolton deixou o cargo em setembro em meio a desavenças com Trump.

No entanto, não se sabe ainda se Bolton comparecerá à audiência, marcada para o dia 7. Como um ex-conselheiro de Trump, a Casa Branca poderia alegar que ele está imune e não precisa fornecer testemunho ao Congresso. O governo também orientou Bolton a não comparecer.

O ex-conselheiro é um antigo republicano que terá de tomar uma decisão difícil de desafiar a vontade da Casa Branca, que tem orientado seus funcionários e ex-funcionários a não cooperar com o inquérito.

continua após a publicidade

Os deputados também convidaram ontem John Eisenberg, o mais alto conselheiro jurídico do Conselho de Segurança Nacional, e Michael Ellis, um de seus vices, para falar na segunda-feira. Eles enfrentam o mesmo dilema de Bolton sobre atender a orientação da Casa Branca ou à exigência do Congresso.

Trump tem pedido a seus aliados republicanos que o defendam das acusações feitas contra ele. O presidente afirma não ter feito nada de errado no telefonema de 25 de julho para o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no qual ele pressiona pela abertura de uma investigação sobre o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter.

continua após a publicidade

A investigação do presidente avançou nesta quarta-feira com novos testemunhos, na véspera da primeira votação sobre o processo. Nesta quinta-feira, 31, os deputados devem oficializar no plenário da Câmara o processo de impeachment. Até então, os democratas diziam que a formalização do inquérito não era necessária, segundo os estatutos da Casa.

No entanto, os republicanos vinham argumentando que, em razão de o impeachment não ter sido oficializado, a Casa Branca não era obrigada a cooperar com as investigações. Os democratas optaram então por ceder e retirar o argumento dos aliados de Trump – como são maioria na Câmara, espera-se que a formalização do impeachment seja aprovada com facilidade.

Outra decisão que deve ser tomada nesta quinta na Câmara é a realização de audiências públicas e a liberação das transcrições dos depoimentos. Até agora, as testemunhas têm sido sabatinadas a portas fechadas. Os democratas acreditam que tornar os depoimentos abertos ajuda a ganhar a opinião pública.

Cinco semanas após abrir o inquérito, os democratas já interrogaram dez funcionários de alto escalão. O número surpreendente de testemunhas que concordaram em depor acabou criando um problema: o processo pode entrar em janeiro e embaralhar as prévias do partido.

Em vez de saírem em campanha, os democratas teriam de permanecer em Washington para as audiências sobre o impeachment. Segundo o cronograma inicial, a Câmara planejava votar a condenação antes do feriado de 28 de novembro, para que o Senado julgasse Trump antes do Natal. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.