Democratas querem mobilizar hispânicos em Estados indecisos

Quando estão sob ataque, os latinos se mobilizam, dizem líderes da comunidade nos EUA, apontando para o exemplo da Califórnia. No anos 90, o então governador republicano, Pete Wilson, disputou a reeleição com um forte discurso anti-imigrante, o que levou ao aumento da participação política dos hispânicos e à consolidação do Estado como uma das mais sólidas bases de apoio do Partido Democrata no país.

A Califórnia, que deu aos EUA Ronald Reagan, a principal referência ideológica dos republicanos, elegeu presidentes democratas nas últimas seis eleições. A guinada foi acompanhada da expansão da parcela dos latinos no universo de eleitores, que reagiram à campanha de Wilson e à Proposição 187, que negava acesso a serviços públicos de imigrantes indocumentados. Aprovada pela maioria dos eleitores, a proposta foi declarada inconstitucional posteriormente.

Desde então, o ritmo de expansão do número de hispânicos que votam na Califórnia cresceu a uma velocidade duas vezes superior à da expansão populacional desse grupo. Como resultado, a parcela de latinos entre os cidadãos aptos a votar no Estado duplicou e está hoje em 28%.

A expectativa dos democratas é que a retórica anti-imigrante de Trump crie movimentos semelhantes ao da Califórnia em Estados que costumam oscilar entre os dois partidos. Estados indecisos, eles serão cruciais no desenlace do enfrentamento entre o candidato republicano e sua provável opositora, Hillary Clinton.

Crucial. Com o terceiro maior número de representantes no colégio eleitoral, a Flórida será um dos principais campos de batalha no qual os latinos terão potencial de empurrar o resultado na direção democrata. Os EUA não escolhem seu presidente por voto direto, mas por meio da eleição de representantes em cada Estado para o colégio eleitoral.

No ano 2000, a Flórida definiu a mais polêmica disputa pela Casa Branca da história recente. O republicano George W. Bush venceu o democrata Al Gore no Estado por um diferença de apenas 537 votos. Com isso, levou todos os 25 representantes que o Estado tinha no colégio eleitoral e venceu a eleição com 271 votos, 1 a mais que os necessários 270. Desde então, o número de representantes da Flórida no colégio eleitoral passou para 29.

Em razão do resultado no Estado, Bush se tornou presidente apesar de ter perdido a eleição popular para Gore por uma diferença de 544 mil votos.

Além de ser criticada pela maioria dos latinos, a proposta de Trump de deportar 11 milhões de pessoas indocumentadas encontra resistência na comunidade empresarial dos Estados Unidos que depende da mão de obra dos imigrantes.

Prejuízo. Se implementada, a medida poderia levar a uma contração de 2% do PIB do país, segundo estudo realizado pelo American Action Forum, um centro de pesquisa conservador alinhado com o Partido Republicano. A análise sustenta que haveria escassez de mão de obra em setores que dependem do trabalho imigrante, em especial agricultura, construção e hotelaria.

Estatísticas indicam que 6,8 milhões dos 11 milhões de indocumentados são empregados pelo setor privado dos EUA. Se esse contingente fosse removido, não haveria trabalhadores suficientes para substituí-los, sustenta o estudo. “Esse declínio na força de trabalho por si só reduziria a produção do setor privado entre US$ 381,5 bilhões e US$ 623,2 bilhões.”

Seus autores ressaltaram que a retirada do país de 11 milhões de pessoas em um período de dois anos, como propõe Trump, envolveria um custo astronômico para o governo, em razão da expansão dos setores de controle de imigração nos Estados Unidos.

A análise concluiu que regularizar a situação de todos os imigrantes indocumentados levaria 20 anos e custaria aos cofres público algo entre US$ 400 bilhões e US$ 600 bilhões. Ao lado da redução da mão-de-obra, a medida levaria a encolhimento do PIB de US$ 1 trilhão, quase metade do tamanho da economia brasileira.

Para retirar do país os 11 milhões de imigrantes no período proposto por Trump, o governo americano teria que arcar com pelo menos 17,3 mil voos charter e 30,7 mil viagens de ônibus em cada um dos dois anos, ressaltou o estudo. Além disso, teria de elevar de maneira drástica o número de funcionário envolvidos na detenção e deportação de imigrantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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