O republicano Richard Mourdock, que concorre a uma vaga no Senado dos EUA pelo Estado de Indiana, disse hoje que sabe que conquistou votos, e não perdeu, depois da polêmica gerada pela declaração de que toda gravidez iniciada em um estupro “é a vontade de Deus”.

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Mourdock deu a declaração no Senado na terça-feira, em um debate contra seus rivais na disputa pela vaga, os democratas Joe Donnelly e Andrew Horning.
Ele opinava a respeito da opção de ter a prioridade da vida da mãe como única exceção para a proibição ao aborto. “Eu lutei com essa minha opinião por muito tempo, mas acabei percebendo que a vida é um presente de Deus, e eu acho que, quando a vida começa nesta terrível situação de estupro, isso é algo que Deus quis que acontecesse.”

Segundo o jornal “Indianapolis Star”, de Indiana, Mourdock afirmou que “não soube” de nenhum eleitor que tenha desistido de votar nele por causa da fala. “Disse a todas as mulheres que a questão do estupro é séria. Não é algo que o meu Deus tolere. Se alguém acha que eu vou tolerar isso, é um ponto de vista ridículo.”

Hoje foi o segundo dia de repercussões das declarações de Mourdock. O candidato republicano à Presidência, Mitt Romney, já disse que discorda do colega, mas que não retira o seu apoio à campanha dele ao Senado. Já a campanha do presidente e candidato à reeleição, Barack Obama, aproveitou a ocasião para destacar diferenças e para tentar ganhar apoio entre as mulheres.

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Obama disse hoje em um comício na Flórida que não acredita que políticos de Washington, “na maioria homens, devessem tomar decisões sobre o atendimento da saúde das mulheres”. Ontem, em uma entrevista ao apresentador Jay Leno, no programa “Tonight Show”, Obama afirmou que “um estupro é um estupro”. “É um crime”, completou.

Esta é a segunda vez que a campanha de Romney sofre com declarações controversas quanto ao direito ao aborto. Em agosto passado, o deputado republicano Todd Akin provocou uma onda de críticas depois de ter afirmado que raramente uma mulher engravida depois de sofrer um estupro.

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Quando explicava sua oposição total ao aborto -também em casos de estupro-, Akin, membro da Comissão de Ciências do Congresso e candidato a senador pelo Estado de Missouri, afirmou que “os casos de gravidez depois de um estupro são muito raros”. “Se for um verdadeiro estupro, o corpo da mulher tenta por todos os meios bloquear isso”, acrescentou.