Policiais e soldados chineses posicionaram-se em cidades no Tibete e no conturbado oeste da China nesta terça-feira (10) em alerta para possíveis distúrbios durante o 50º aniversário de um levante contra Pequim. Num pronunciamento para marcar a data, o dalai-lama declarou que o Tibete “vive o inferno na Terra sob o controle de Pequim”. A China procurou se antecipar aos problemas no aniversário do fracassado levante de 1959 e de uma onda de violentas manifestações realizadas por tibetanos no ano passado. Os soldados e policiais foram posicionados em diversas comunidades no Tibete e em províncias próximas para impedir a realização de protestos.

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O clima em Lhasa, a capital do Tibete, era calmo, mas a tensão era latente. O mesmo podia ser observado em outras cidades da região. Num discurso na cidade indiana de Dharamsala, onde vive no exílio, o dalai-lama acusou a China de devastar o território em ações que provocaram a morte de centenas de milhares de pessoas. “Até hoje os tibetanos do Tibete vivem com medo constante e as autoridades chinesas continuam suspeitando deles”, disse o líder espiritual dos tibetanos ao denunciar a “brutal repressão” aos violentos protestos do ano passado.

Depois do discurso do dalai-lama, milhares de jovens tibetanos saíram às ruas de Dharamsala exigindo que a China saia do Tibete. Também houve protestos de tibetanos em Nova Délhi (Índia), Seul (Coreia do Sul) e Camberra (Austrália). O dalai-lama é celebrado em grande parte do mundo como uma figura de autoridade moral, mas Pequim o acusa de tentar destruir a soberania da China por defender a independência do Tibete. O líder religioso, por sua vez, alega estar em busca de “autonomia verdadeira”, e não da independência do Tibete.

O dalai-lama estabeleceu-se na Índia depois que fugiu do Tibete, em 1959, quando um levante armado contra Pequim fracassou. O Tibete é parte integrante da China moderna. A China reivindicou soberania sobre o território no século 17. O Tibete chegou a tornar-se independente em 1912, depois da queda da dinastia Qing, mas foi anexado novamente de maneira oficial em 1950, meses depois da revolução liderada por Mao Tsé-tung, que levou os comunistas ao poder em Pequim.

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