O dalai-lama afirmou nesta terça-feira (18), em Dharamsala, na Índia, que renunciará ao posto de chefe do governo tibetano no exílio caso continuem os protestos violentos contra a presença chinesa em sua região natal, iniciados na semana passada. "A violência é contrária à natureza humana", afirmou o religioso, depois de fazer um apelo pelo fim dos conflitos. Horas antes, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, o acusou de ser o responsável pelas manifestações que provocaram um número ainda desconhecido de mortos na sexta-feira em Lhasa, capital do Tibete.
As autoridades tibetanas informaram que 100 pessoas que teriam participado das manifestações de sexta-feira já se entregaram à polícia. Não foi esclarecido se a rendição ocorreu antes ou depois do prazo de meia-noite desta terça-feira (18) dado pelo governo chinês. "Existem fatos e várias evidências que provam que esse incidente foi organizado, premeditado, concebido e incitado pela camarilha do dalai", disse Wen.
O líder tibetano adotou um tom conciliador. "Nós não devemos desenvolver sentimentos anti-chineses. Nós devemos viver lado a lado", disse. Ainda que renuncie à chefia do governo tibetano no exílio, o dalai-lama continuará a ser o líder espiritual dos tibetanos. Ele é considerado a 14ª reencarnação do Buda da Compaixão, em uma linha sucessória que teve início no século 15.