Curdos iraquianos boicotarão reuniões de gabinete

Os curdos iraquianos disseram nesta quinta-feira que seus políticos permanecerão distantes das reuniões de gabinete do país e pediram que o primeiro-ministro Nouri al-Maliki deixe o cargo, pois o responsabilizam pelo fracasso em conter a ofensiva e insurgentes sunitas. A decisão mostra a deterioração das relações entre o líder xiita e os curdos.

O boicote às reuniões de gabinete é um protesto contra os comentários feitos por Maliki um dia antes. Ele acusou a região curda no norte do país, que tem grande grau de autonomia, de abrigar militantes sunitas que tomaram boa parte do território iraquiano. O premiê não apresentou provas e os curdos negam as acusações.

O vice-primeiro-ministro Roz Nouri Shawez, a autoridade curda de mais alto nível do governo, disse aos jornalistas nesta quinta-feira que “tais declarações têm como objetivo esconder o grande fiasco da segurança ao responsabilizar outros pelos acontecimentos. Nós anunciamos nosso boicote às reuniões de gabinete.”

Os curdos também controlam os ministérios de Relações Exteriores, Comércio, Saúde e Imigração e Deslocamento.

A medida é simbólica, já que o governo continuou a operar quando o bloco sunita retirou seus ministérios do gabinete, embora destaque o aprofundamento da divisão entre AL-Maliki e os curdos.

A presidência da região autônoma curda disse que Al-Malik “tornou-se histérico e perdeu seu equilíbrio”. “Ele está fazendo tudo o que pode para justificar seus fracassos e responsabilizar outros por suas falhas”, afirmou a presidência da região curda em comunicado postado em seu site na noite de quarta-feira. O documento acusa Al-Maliki de destruir o país e exige sua saída.

Os rivais de Al-Maliki e até mesmo alguns de seu aliados o acusam de ajudar a abastecer a crise atual, ao não promover a reconciliação com a minoria sunita do país, que reclama de ser tratada como cidadãos de segunda classe.

Al-Maliki, cujo bloco político, o Estado de Direito, conquistou a maioria dos assentos parlamentares nas eleições de abril, recusou-se a deixar o cargo. Em vez disso, ele prometeu tentar um terceiro mandato.

Isso levou a um impasse político, na medida em que os parlamentares tentam formar um novo governo que possa unir o país, ao mesmo tempo em que o Iraque enfrenta militantes sunitas que tomaram a maior parte das regiões norte e oeste do país. Fonte: Associated Press.

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