A 2ª Reunião de Cúpula do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), amanhã em Brasília, está sendo considerada o teste definitivo da posição brasileira sobre o Irã. O encontro restrito de chefes de Estado no Itamaraty deverá dar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a medida de sua capacidade de convencer China e Rússia a apoiar uma solução negociada em vez de novas sanções a Teerã. A recusa de Pequim e Moscou deixaria o Brasil isolado nessa questão. Entre diplomatas que acompanham o tema, essa possibilidade parece totalmente plausível, por causa dos desdobramentos recentes da conferência nuclear em Washington.
A insistência brasileira não arranhará a decisão dos Estados Unidos de ver as novas sanções aprovadas, como reconheceu na semana passada o chanceler Celso Amorim no Senado. Mas, segundo esses observadores, certamente prejudicará a relação Brasil-EUA num momento em que se vislumbrava uma arrancada na cooperação bilateral.
O Itamaraty está ciente dessa manobra arriscada e tenta encontrar um vetor de saída, que já se nota em uma ligeira mudança da linguagem de Amorim ao abordar o tema. A esperada visita ao Brasil do presidente norte-americano, Barack Obama, que selaria a nova parceria entre os dois países, está pendurada por um fio.
A Casa Branca antevê uma brecha para a viagem entre maio e julho, quando o presidente dos EUA poderia passar por Brasília antes de seguir à África do Sul para a Copa do Mundo. Mas a visita de Lula ao Irã, em 15 de maio, ameaça atrapalhar esse projeto. Mais provável será a vinda de Obama no fim do ano, quando o Brasil já terá escolhido seu novo presidente.