O aumento da tensão diplomática entre Venezuela e Colômbia promete contaminar amanhã a reunião extraordinária da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que será realizada em Bariloche, Argentina. Convocada às pressas para discutir o acordo que prevê a cessão do uso de pelo menos sete bases colombianas aos Estados Unidos, a reunião ocorre depois de uma semana em que Caracas ameaçou romper as relações diplomáticas e Bogotá acusou o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de querer intervir na Colômbia com um “projeto expansionista”.
Na véspera do encontro, a retórica inflamada foi mantida por Chávez, que por meio de uma carta publicada no periódico argentino Página 12 advertiu os colegas sul-americanos de que o governo americano e colombiano possuem um “plano político e militar orquestrado” para “acabar” com a Unasul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará utilizar seu prestígio de “líder regional” para reduzir os decibéis desta tensa disputa venezuelano-colombiana que está ficando fora de controle. “Brecar estas tensões e um requisito fundamental para continuar aprofundando a integração”, ressaltou Marcelo Baumbach, porta-voz da presidência.
Mas, a tarefa promete ser árdua, já que Chávez promete disparar toda sua artilharia verbal contra Uribe. “É um erro grave pensar que a ameaça é apenas contra a Venezuela, já que ela está direcionada a todos os países do sul do continente” disse Chávez. O líder bolivariano também afirmou que “o império americano (os EUA) iniciou uma contraofensiva” para impedir “os avanços progressistas e democráticos” na América Latina. Nos últimos dias Chávez argumentou em diversas ocasiões que a presença militar dos EUA na Colômbia coloca a região “à beira da guerra”.
Como pano de fundo para este cenário de crescentes tensões, o gasto em defesa na América do Sul cresceu 30% em 2008. Hoje, em Caracas, Chávez, antes de partir para Bariloche, previu que esta cúpula – cuja anfitriã será a presidente Cristina Kirchner – será “difícil” e “complicada”. Chávez também promete causar polêmica com a divulgação hoje dos detalhes de um suposto “documento secreto” que revela as reais intenções do “imperialismo ianque” para a região. O documento, segundo ele, foi entregue pelo próprio líder cubano Fidel Castro.