Cristina promete evitar sanções econômicas contra o Paraguai

Com 2h40 de atraso, a presidente argentina Cristina Kirchner deu início à Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul na cidade de Mendoza.

No discurso de abertura da cúpula, Kirchner afirmou lamentar “os fatos de conhecimento público” no Paraguai -ou seja, a destituição do presidente Fernando Lugo na sexta-feira da semana passada-, e a consequente ausência do país do encontro de hoje.

Por outro lado, disse que precisava esclarecer a posição de seu governo sobre a questão paraguaia, segundo ela, “para evitar qualquer tipo de distorção e manipulação”. “De nenhum modo propiciaremos nem aceitaremos sanções econômicas contra o Paraguai”, disse Cristina. “As sanções econômicas nunca são pagas pelo governo, mas pelo povo.”

Nos dias anteriores à cúpula, bastidores indicavam que a presidente argentina pressionava pela aplicação de sanções econômicas contra o Paraguai. Já Brasil e Uruguai defendiam a imposição de punições apenas políticas.

A recomendação dos chanceleres, adotada após reunião ontem, é que a suspensão do país do Mercosul seja prorrogada, possivelmente até a realização de novas eleições, em 2013. Daí o “esclarecimento” de Cristina.

Pilares da civilização

A presidente argentina, porém, não poupou críticas ao processo de impeachment que derrubou o ex-presidente paraguaio. “Não há no mundo um julgamento político que dure dois dias e que ademais não ofereça possibilidade de defesa”, afirmou. “A garantia do devido processo é um dos pilares da civilização ocidental.”

A presidente disse ainda que, apesar das várias diferenças entre os países do Mercosul e da Unasul, a posição dos blocos foi unânime quando se tratou de rupturas democráticas na região.

“Estamos defendendo que não se instalem os golpes suaves, de movimentos que, sob a pátina de certa institucionalidade, nada mais são que uma quebra da ordem constitucional”, afirmou, citando por fim o escritor Jorge Luis Borges: “Não nos une o amor, mas o espanto” (em tradução livre).

Reunião de líderes

Participam da cúpula, além da anfitriã, os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e do Uruguai, José Mujica, como membros do Mercosul; participam ainda os presidentes Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Ollanta Humala (Peru) e Sebastián Piñera (Chile).

A Venezuela está sendo representada pelo chanceler Nicolás Maduro. A imprensa acompanhou o discurso por telões instalados em uma tenda montada ao lado do Hotel Intercontinental, onde ocorre o evento. Ao terminar, Cristina ordenou o corte do vídeo e do áudio do encontro, que ocorre agora privadamente.

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