A presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, começou ontem mesmo a preparar uma transição sem precedente – que será feita dentro da própria casa -, já que receberá a presidência do marido, o atual presidente Néstor Kirchner. Nas primeiras horas após a vitória nas eleições de domingo, Cristina recebeu um telefonema do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que a cumprimentou pela vitória. Na conversa, ficou acertado que Cristina visitará Brasília antes de sua posse, em 10 de dezembro.
A estratégia de conquistar o poder em dupla permitiu ao casal Kirchner ampliar seu cacife eleitoral no domingo. Com a candidatura de Cristina, aumentou a bancada de kirchneristas e seus aliados na Câmara de Deputados – onde passam a ter 153 do total de 257 cadeiras. Dessa forma, os Kirchners não terão de se preocupar mais em fazer alianças e conseguir favores de pequenos partidos e parlamentares independentes que ocasionalmente lhes conferiam maioria.
No Senado, a situação anterior à eleição já era confortável. Mas agora é ainda mais tranqüila, já que partidários dos Kirchners ocuparão 44 das 72 cadeiras da Casa. Com essa bancada no Legislativo, o governo poderá aprovar sem problemas leis que requerem maioria especial.
A votação obtida por Cristina permitiu também que o kirchnerismo mantivesse sua hegemonia nas províncias. Cristina venceu a votação presidencial em 21 das 24 províncias argentinas. As regiões onde Cristina não venceu foram a cidade de Buenos Aires e as Províncias de Córdoba e San Luis. No total, ela estava com 44,8% dos votos, com 96,4% das urnas apuradas até ontem. A segunda colocada, Elisa Carrió, tinha 22%.
Nas oito províncias que elegeram governadores no domingo, os aliados kirchneristas venceram em todas. O novo mapa do poder do casal deixa claro que suas principais bases estão nos municípios da Grande Buenos Aires e nas empobrecidas províncias do norte da Argentina.