As eleições na Argentina se desenvolvem com normalidade, sem registro de incidentes, segundo informou há pouco a presidente Cristina Kirchner, líder absoluta das pesquisas de intenção de votos. Cristina emitiu seu voto às 11h43 da manhã (12h43 de Brasília), em uma escola de Río Gallegos, província natal do ex-marido, Néstor Kirchner, onde se encontra a residência oficial da família. Diante de uma multidão que a esperava para votar, além de dezenas de profissionais de imprensa, Cristina cumprimentou cada um dos mesários e assistentes, fez pose para os fotógrafos ao votar e passou vários minutos posando para fotografias com os fãs. Em breve entrevista à imprensa, a presidente repetiu três vezes que estava vivendo esse dia “com muita emoção”.
“Estamos consolidando um processo institucional e político que começou com as eleições abertas primárias para todos os partidos, que promove a abertura dos partidos à sociedade. Seria bom que as primárias pudessem ser feitas em todas as províncias e consolidar as eleições de maneira simultânea em todo o país para que a Argentina possa ter eleições em um mesmo dia. Creio que é o único país que tem eleições em diferentes dias”, disse a presidente, referindo-se à legislação que permite às províncias ter cronogramas eleitorais diferentes entre si. Visivelmente emocionada, Cristina disse que estava feliz e triste ao mesmo tempo e recordou o marido morto há quase um ano, o ex-presidente Néstor Kirchner.
“Sou presidente, militante, mas, sobretudo, sou mulher de um homem que marcou a vida política argentina. Creio que seus dois maiores amores na vida eram a família e a vocação de fazer parte da história”, ressaltou. “De onde ele (Néstor) estiver penso que está muito contente”, arrematou a presidente. Ao deixar o colégio onde votou, Cristina foi acompanhada por uma multidão que a abraçou, entregou-lhe cartas e a emocionou. Ela chorou com as demonstrações de carinho dos eleitores.
Além de Cristina, todos os candidatos já emitiram seus votos. Ricardo Alfonsín (União Cívica Radical), que votou em Chascomús, tentou um último alento aos seus eleitores: “Se não forçarmos chegar ao segundo turno, esse resultado será definitivo. Sabemos que é muito difícil alcançar o segundo turno, mas trabalhamos para isso”, disse ele diante do triunfo certeiro de Cristina. O socialista Hermes Binner votou em Rosario, capital da província de Santa Fe, governada por ele. Confiante em obter um resultado acima de 15%, máxima projeção de intenção de votos conforme as pesquisas, Binner afirmou que “é preciso ver o resultado primeiro, antes de falar”.
Alberto Rodríguez Saá (Compromisso Federal), queixou-se de uma eleição polarizada, mas afirmou sentir-se tranquilo. Elisa Carrió (Coalizão Cívica) falou em tom enigmático: “A verdade tem que ser vivida. Se não a vive hoje, a viverá amanhã. Posso estar acima, posso estar abaixo, mas não tenham dúvidas de que a luta pela verdade não termina jamais”. Carrió deverá ter uma de suas piores votações nestas eleições. Eduardo Duhalde (União Popular), por sua vez, limitou-se a pedir aos cidadãos que “olhem mais além das eleições de hoje, que são um episódio democrático, mas o país continua adiante”.