A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, admitiu a existência da crise energética que assola o país. Durante um discurso no palácio presidencial, a Casa Rosada, a presidente confessou que na terça-feira ocorreram 50 mil cortes simultâneos de eletricidade na região metropolitana de Buenos Aires. Contudo, a presidente descartou que a crise seja culpa do governo, pois segundo ela os problemas foram provocados pelo aquecimento global, que na Argentina geraram uma semana de intenso calor em todo o país. A presidente afirmou que as empresas de energia ainda não se adaptaram "às mudanças (climáticas) que ainda continuarão acontecendo".
Segundo Cristina Kirchner, os apagões desta semana afetaram 5 87% das residências argentinas nos bairros portenhos de Caballito, Flores, Palermo e Belgrano, além dos municípios de Vicente López, Olivos e Lanús, na Grande Buenos Aires. O sistema energético esteve à beira do colapso por causa do aumento da demanda de energia por parte dos consumidores residenciais. O aumento foi provocado pelo uso intenso de ares-condicionados e ventiladores, já que a região de Buenos Aires e sua área metropolitana foram assoladas por uma onda de calor que implicou em 42 graus Celsius de sensação térmica.
Desde 2004, quando a Argentina começou a ser atingida pela escassez de gás e petróleo (quase metade da geração de energia elétrica é realizada em termelétricas que funcionam a gás e petróleo) e problemas nas principais hidrelétricas (além de falhas constantes nas duas usinas nucleares), o governo do presidente Néstor Kirchner recusou-se a admitir a existência de uma "crise". A admissão da crise, embora Cristina Kirchner tenha colocado a culpa no clima do planeta, constitui um avanço em relação à postura do governo de seu antecessor e marido. A presidente pediu às empresas do setor energético que realizem "mais investimentos" para enfrentar a demanda de eletricidade, que cresce a cada mês, empurrada pela recuperação econômica do país.