A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, propôs ontem a “nacionalização” dos meios de comunicação, que, na sua visão, não têm atendido aos “interesses nacionais”. Sem deixar transparecer intenções mais claras, contudo, Cristina foi enfática ao afirmar que não pretende “estatizar” a mídia.
Segundo a presidente – que há dois anos alerta constantemente sobre um hipotético “golpe de estado” preparado pela mídia em conjunto com a oposição -, “seria importante nacionalizar os meios de comunicação para que eles tenham consciência nacional e defendam os interesses do país”.
Ela criticou especificamente o fato de haver “tantos microfones e câmeras de TV sobre os problemas do crescimento econômico (de hoje)”, enquanto os veículos da mídia “acobertaram, ignoraram e muitas vezes foram cúmplices da política de entrega e subordinação sem dizer uma só palavra ou tirar uma só foto”.
“Às vezes penso que seria interessante nacionalizar; não estatizar. É melhor que isso fique claro para que amanhã ninguém dê uma manchete errada”, destacou com o dedo em riste, sem explicar a sutileza.
Repúdio
A Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (Adepa) repudiou as “persistentes ofensas” contra jornalistas e meios de comunicação por parte de altos funcionários do governo de Cristina. Segundo a entidade, a presidente – desde que começou a usar a rede de microblogs Twitter há um mês – “multiplicou as ironias e injúrias” contra empresas e profissionais de mídia. Segundo a Adepa, “a informalidade própria do Twitter não diminui a gravidade das mensagens que são transmitidas por intermédio dele”.
A presidente costuma criticar também a Justiça Federal – que suspendeu várias medidas do governo, incluindo a maior parte da Lei de Mídia -, sugerindo que existem conexões irregulares entre juízes e jornalistas.