A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, criticou duramente a oposição e a juíza que suspendeu a criação do Fundo do Bicentenário, composto por US$ 6,5 bilhões das reservas do Banco Central, destinado a cumprir os compromissos financeiros do País em 2010. “Hoje se decidiu que não podemos usar as reservas para pagar a dívida, o que é um paradoxo porque utilizar as reservas é melhor do que pedir emprestado, pagando taxas de 15% ao ano”, disse a presidente. Segundo Cristina, “qualquer pessoa entende isso, até quem nem completou o primário, é uma questão de senso comum”.

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A presidente disse que tomou a decisão de usar uma parte das reservas para evitar as especulações no mercado contra a Argentina. Durante discurso em ato na periferia de Buenos Aires, Cristina não citou nomes, mas as críticas tiveram claros alvos. “Os que rifaram as reservas do país e nos deixaram à beira da dissolução hoje são os defensores destas (…) Quero pedir humildemente: se não souberam governar, me deixem governar agora e não continuem colocando pedras no caminho”, disparou Cristina, referindo-se aos líderes da União Cívica Radical (UCR), autores das medidas legais contra o uso das reservas do BC para financiar o gasto público.

Cristina lembrou que a UCR teve “a oportunidade de ser governo duas vezes nos anos da democracia e foi muito mau para os argentinos”. Os radicais estiveram no poder durante a presidência de Raúl Alfonsín, que iniciou seu mandato em 1983, mas acabou renunciando seis meses antes do final, em 1989, pressionado pela hiperinflação. O segundo período dos radicais foi em 1999, com a eleição de Fernando de la Rúa, que também renunciou em dezembro de 2001, em meio a uma das piores crises político-econômica e financeira do país, que culminou com o default da dívida de mais de US$ 100 bilhões.

“Quando assumimos, as reservas eram de US$ 8 bilhões, hoje chegamos a mais de US$ 46 bilhões”, disse Cristina, referindo-se à gestão de seu marido, Néstor Kirchner (de maio de 2003 a dezembro de 2007), sucedida por ela em dezembro de 2007.

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Redrado

Sem citar o nome de Martín Redrado, presidente do Banco Central da Argentina que foi demitido ontem, Cristina o criticou por suas projeções. “Este ano (2009), o pior da história econômica mundial, a Argentina fechou seu superávit comercial com US$ 16,6 bilhões. Mas alguém com cara muito séria e preocupada me disse que íamos arrecadar US$ 6 bilhões e que íamos ter que nos endividar. E olha só, aqui estamos: administrando com políticas nacionais e populares”, avaliou.

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Após o discurso, a presidente justificou sua decisão de demitir Redrado. “O Banco Central não é uma instituição unipessoal, as políticas são decididas pela diretoria e quando vimos que a reunião da diretoria não foi convocada pela presidência, tomamos a decisão”, argumentou.